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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

FLOR D'ENTARDECER

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FLOR D’ENTARDECER Pernoita-me o ser Num leito fulgente, Onde a lava a correr É saudade de gente… E ainda mais além Dessa profunda cor Aí me ateio também Por tua sede em flor. Pernoita-me o ser Aceso docemente Na flor d’entardecer Como se fosse gente! J Maria Castanho http://www.facebook.com/evolui.verde

O QUARTO CIGARRO

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O QUARTO CIGARRO                                      Por:                                      Joaquim Castanho Por hábito, ou por vício – que o quotidiano é composto de rotinas –, a hora da bica tornou-se uma referência quase mítica à minha maneira de estar em cada dia. Tanto pelo que novo, às vezes conseguia acrescentar; como pela ausência de novidades. E, porque aquilo que ontem foi variante à força de repetir-se se transformou em constante, saciando a neofilia, “assimilar desconhecidos”, pela frequência dos encontros, em conhecidos, tornou-se irrelevante quanto ao facto de estar presente. Dito e feito. Assim, o silencioso mistério que o aparecimento de Inês provocou, desvaneceu-se, e deixou em seu lugar a tranquilidade duma presença inequívoca e familiar. O rosto angular miúdo esquadrilhado pelo negro cabelo curto, arrapazado, servindo de suporte ao olhar sereno das pupilas pretas, acutilantes e inteligentes, transmitindo passividade observativa, veio gan

DA INSEGURA SEGURANÇA DO AMOR

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DA INSEGURA SEGURANÇA DO AMOR Amar não é fácil para ninguém, E, muito menos, coisa para amadores; Que após ausência, a saudade vem Plantar incertezas, ânsias e dores. Amar é difícil, e se o fazemos bem, Ou com jeito cuidamos de nossas flores, Não raro vem a falta de jeito de alguém Fazer (re)florir novas plantas e cores. Amar é um (des)andar na corda bamba Contínuo, ou por tudo, e até por nada; Que mesmo que se a alma ginga e samba Logo o corpo entra em outra roubada. Amar dá arrepios, securas, rubores, E exige engenho e arte aos amadores.   J Maria Castanho

ORAÇÃO

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ORAÇÃO Hoje, sobre ti a Lua-Nova abre O seu cálice de ouro e sigilo, Quase copo de adaga ou sabre Afiado gume e gélido brilho. É cálice de renascida intenção A transbordar sombra de lado, Onde cabe humana condição Tecida esperança e tido eito Do verbo quer ser conjugado. Nada me digo. Ponho as mãos E cerro os olhos com respeito Ante teu sonho assim desejado, E à noite abro todo meu peito Pra que nele seja enfim tatuado. Ponho as mãos, mas o coração Esse, fica sempre do teu lado. J Maria Castanho   

A TRAGÉDIA

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    A   TRAGÉDIA Por JOAQUIM MARIA CASTANHO     Juvêncio Pernas nunca foi homem de falas desperdiçadas, nem palavras sabidas em ró-có-cós e caganeirices. Mas deu-lhe a vida, por mor de muita andança e surpresas várias, aquele semblante desconfiado e o cenho franzido de olhar os outros sob a pala do boné de bombazina castanha, que só tirava para dormir, e as mais das vezes nem para isso, pondo-o sobre a fronte, se de alguma sesta à sombra de árvore mais frondosa o calor e cansaço lhe impunham. As pressas o não impediam. E à companha dava jeito. Nado e curtido nas charnecas de outrora, nunca se adaptara solidamente às sociedades que a longevidade lhe fez atravessar: na de produção negou-se à prisão condicional dum emprego fixo e horário rígido; à de consumo, recusou a corrida sem tempo de olhar os campos, as aves, os riachos e os arvoredos; e tão-só da de comunicação quis aproveitar mais do que alguma musiquinha brejeira nas noites de sábado em rádio portátil. E a

É URGENTE (inventar) O AMOR

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É URGENTE (inventar) O AMOR   Querer fazer parte da tua vida Não me dá o direito de mandar nela, Que o amor tem por certa a medida De não cerzir sedas com cerol e sovela.   Nem obriga a respeitar só por obrigação, Ou a transformar em meio qualquer fim; É antes ouvir NÃO quando dizes «não», E ouvir TAMBÉM quando dizes «sim».   Joaquim Maria Castanho ƸӜƷ Ϡ₡ ☀ @ ♫♪ ✿ ♣ ♦ ☀ ♫♪ Ϡ₡ ☀ @ ♫♪ ✿ ♣ Ϡ₡ ♦ ☀ ♫♪Ÿ♫♪ ✿ ♫♪ ☀ ♫♣ ♦ ♪ Ϡ₡ ƸӜƷ   http://www.facebook.com/evolui.verde   (Ilustração: telas de ESTHER SILVA, pintora maranhense)

QUE DETALHES E PORMENORES, HÁ-OS PARA TODOS OS GOSTOS, DESDE OS MAIS PEQUENOS AOS MAIORES

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QUE DETALHES E PORMENORES, HÁ-OS PARA TODOS OS GOSTOS, DESDE OS MAIS PEQUENOS AOS MAIORES «Grandes poderes, trazem grandes responsabilidades», disse o tio Ben a Peter Parker. In O HOMEM ARANHA I A única diferença plausível e observável entre cultura e propaganda, é que a primeira admite, integra e inclui a segunda, mas a propaganda exclui, estigmatiza e instrumentaliza a cultura. Sobretudo e por isso mesmo, se é já de si difícil perceber como funciona uma mente, ainda que das mais normais e pacatas, então avizinha-se hercúlea tarefa perceber a dum povo, mesmo que recheado de paz-d ’almas como é nosso, que é o conjunto – somatório e produto – de cada uma delas e o entrosamento de todas elas, formando essa amalgama de diversidade multicultural, que devia também ser integracionista mas prefere ser anárquica, a que chamam povo lusitano ou português. Contudo, não é: é simples: não funciona. Porque se funcionasse não estaríamos como estamos, não devíamos o que devemos, não
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EXIGIR FATURA É COMBATER A CRISE E AJUDAR A PAGAR A DÍVIDA O que os alemães sabem acerca de nós e a troika não desconhece, é que se os portugueses quiserem saldar a dívida e cumprir com as suas obrigações podem fazê-lo, sem recorrer a austeridade excessiva nem aos atos sobre-humanos de que falou o Luís Vaz (de Camões), mais do que permite a força humana: basta que não contornem o fisco, se abstenham do mercado paralelo e instituam a honestidade e o civismo como normas de conduta diária. Que implementem a cultura da cidadania e da responsabilidade cívica. É pedir muito? Sobretudo depois de ter passado duas ou três décadas a fazer asneiras com o dinheiro “nacional”, a esbanjar por motivos eleitoralistas, a ser refém dum economicismo atávico e obreiro de inutilidades megalómanas? Penso que não. E todos e todas reconhecerão facilmente como de fato assim é. Ou, para evitar mal-entendidos gerados pelo acordo ortográfico, a que insistem resistir como se dum teste à próstata se tratass

A CULTURA NUNCA PODE SER SECUNDÁRIA

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A CULTURA NUNCA PODE SER SECUNDÁRIA Na Grécia do Tsipras (Alex, pròs amigos!), o organograma governamental apresenta quatro superministérios: A Educação, A Saúde, A Economia e A Cultura. Quatro aaaa como o óleo da Pima (já crescidinho). Essencialmente porque no entendimento grosseiro da coisa pública, o que ninguém conseguirá ignorar, uma economia de sucesso nunca poderá prescindir duma educação vigorosa e dinâmica, duma saúde musculada e flexível, nem duma cultura apta e abrangente, inovadora e ativa. Imaginativa e observativa. Sem o olhar crítico e envolvido desta última quaisquer outras valências ministeriais baterão com os burrinhos na lama, afundar-se-ão no tédio, no marasmo, na hipocrisia e na insustentabilidade, uma vez que foi sempre e em todo o lado – desde os impérios persa, egípcio, grego e romano (pelo menos) que recorreram à receita pra vingar e pereceram mal a abandonaram –, a única estratégia política plausível ante as contrariedades forjadas pela ausência de e

PRA QUEM É BACALHAU BASTA

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PRA QUEM É BACALHAU BASTA A maioria dos cidadãos e cidadãs da portugalidade bem-formados/as fala e escreve exemplarmente quando se dirige aos estrangeiros, mas dão erros em barda, uns e umas atrás de outros e outras, sempre que o fazem com os seus conterrâneos e conterrâneas, concidadãs e concidadãos do linguajar lusitano, talvez por considerarem que estes, os portugueses e portuguesas da língua materna, mais não merecem, nem sequer os usuais cuidados que dispensam a qualquer dialeto dos demais idiomas do mundo (dito) civilizado. Nisso, realmente, são bons, são ótimos, são excelentes. Que nas 250 palavrinhas a que qualquer prova obriga não dão uma prà caixa, e conseguem fazer uma média de três erros ortográficos (e de pronúncia) por cada dez palavrinhas, incluindo as monossilábicas, assim na boa, sem fazer o mínimo esforço nem pisar no acelerador a fim de cumprir limites de tempo. E até acham que os dirigentes nacionais que se expressam em português quando se pronunciam em atos