O Sr. SUPERLATIVO Eu sei que é falta de educação escutar as conversas alheias, ainda que não sejam íntimas. Porém, estando sem nada mais que fazer num dos bancos do Jardim Avenida, em Casal Parado, eis que não pude evitar ouvir o que, um casal se dizia mutuamente, e certamente seria apenas um simples fragmento de conversa maior, onde residiriam as respostas que à minha curiosidade se impunham: – Mas eu sou um substantivo superlativo abstrato... – afirmava ele, convito, de farta cabeleira em encaracolado castanho-escuro, calças de ganga rasgadas (propositadamente) aqui e ali, para arejar a cueca, ténis de marcha, polo cinzento e kispo esverdeado. – Substantivo superlativo abstrato... Hhhhuummm! Isso não existe – sublinhou, perentória, ela, também nova, a flanar num vestido de chita em xadrez largo, com tonalidades de azul, dourado, creme e castanho-terra, sapatos mocassins quase pretos e cabelos compridos, ondeados e soltos, em louro-palha. – Não?!? – admirou-se ele. – Co