Postagens

Mostrando postagens de 2008

Carreiras Sem Transportes

Imagem
Estatuto da Carreira Docente Decisão Negociada ou Discutida? Maria da Conceição Castro Ramos 256 Páginas Na evolução da sociedade, que após a Revolução Industrial já fez diversas (trocas) mudanças de camisa, tal como da sociedade de produção se transformou em sociedade de consumo, de sociedade de consumo em sociedade de comunicação, de comunicação em informação, e agora, depois da passagem ao novo milénio e ao século XXI, estamos à beira doutra vernissage , uma vez que se avizinha (sob croquis ) a sociedade da cidadania, que irá estabelecer uma nova ordem de valores, além de um novo – e desejável – posicionamento social dos agentes educativos e socializadores. E, claro está, com eles, os “principais” protagonistas da comunidade educativa, o corpo docente. Sob esta perspectiva, importa repensar e sem eufemismos corporativistas o Estatuto da Carreira Docente, não só com base nas teorias que formatam hoje os modelos decisionais em Administração Pública, mas também ao nível das participa

Duplo Crime na Rádio e Caçada ao Sr. X, de Rex Stout

Imagem
Duplo Crime na Rádio e Caçada ao Sr. X Rex Stout Trad. L. de Almeida Campos 424 Páginas – Volume duplo 1. No decurso de uma emissão radiofónica, patrocinada por uma marca de refrigerantes, um dos presentes morre envenenado enquanto se cumpre a "ritual" bebericação da dita. Quem foi que o assassinou e com que motivos? Para todos, inclusive para a polícia, o problema é insolúvel. Acredita-se que nem a vítima saberia, ao certo, quem a matou. Só que Nero Wolfe, o paquiderme das orquídeas, o sedentário e obeso detective, precisa de pagar os impostos e o dinheiro advindo da resolução do caso faz-lhe imenso jeito. Secundado nas tarefas de exigência física, e movimento, pelo seu braço direito (e esquerdo) Archie Goodwin, porém apoiados ambos nos energéticos bastidores, na retaguarda ou trincheira da cozinha, por Fritz, um nome que lembra as batatinhas estaladiças, intenta bater a polícia na corrida à desmascaração do homicida, embora esta já disponha de considerável avanço de tempo (

Vinte Mais Dois, de Frank Gruber

Imagem
Vinte Mais Dois Frank Gruber Trad. Catarina Rocha Lima 192 Páginas Eis mais um típico caso de investigação – leia-se, p.f., narrativa – em Y . E fartam-se de acontecer coisas singulares que agitam a história e nos obrigam a estar-lhe atentos. Mas a superiormente extraordinária reside no intricado da trama, penteado e pontuado ao género travesti – que se transforma noutro género que não aquele em que se anunciam as personagens e primeiras cenas) de policial virado em cor-de-rosa choque, no qual o detective não serve de modelo para nada, nem pela moral, nem pelo físico (que está todo roto por causa da guerra e da má vida que levou nela), e muito menos manifesta na personalidade outras qualidades que não sejam a tenacidade, perseverança, insistência e a teimosia que raia a burrice, além de uma estranhíssima vontade de se atirar aos riscos levando por única bagagem a sorte – se calhar era descendente de portugueses! –, precisamente aquela que assiste popularmente ao ditado que dita que

Comédia Eufrósina

Imagem
Comédia Eufrósina Jorge Ferreira de Vasconcelos Teatro – 160 Páginas Há uma ideia feita – aqui desfeita –, nos bastidores da cultura – talvez inculta... –, de que a poesia é para se declamar, o teatro para representar e os romances para ler (e publicar), assaz disseminada pelas confrarias da intelectualidade conventual e pacóvia do branco é, galinha o põe ! Ora, além de feita, a ideia é estupidificante. E para provar que nem só de sentimentos serôdios e retornados vive o universo literário e livresco português, veio a Colibri a terreiro e colocou em cena, nos escaparates, uma colecção de teatro, cujo número foi, nem mais, que uma adaptação de Silvina Pereira e Rosário Laureano Santos, aliás anteriormente representada pela companhia de teatro MAI Z UM, ali ao Bairro Alto, no Convento dos Inglesinhos, pela recôndita Lisboa de 1995, com estreia em 27 de Março. E do posto fica que, quem viu, viu; quem não viu... pode ler! Nesta peça, que denota inegáveis influências literárias renascentist

Sem Piedade!, de Miriam Ali

Imagem
Sem Piedade! A Luta de uma Mulher Conta a Moderna Escravatura Miriam Ali (com Jana Wain) Trad. Mário Dias Correia 280 Páginas Dentro da Literatura de Impacto Social (LIS, pròs mais chegados e atentos), e na mesma linha de Vendidas!, de Zana Wain, Meu Amo e Senhor , de Themin Durrain, ou Sultana, A Vida duma Princesa Árabe , de Jean P. Sesson, Sem Piedade! é simultaneamente uma crónica de costumes, uma reportagem, um diário, uma biografia, uma obra literária, um testemunho e um documento comprovativo de como a Idade Média conseguiu romper os limites do tempo e avançar incólume até ao presente da humanidade – indissimuladamente, e sem qualquer receio das instâncias judiciais (planetárias) ou da moral e poder do establishment. Em resultado da sempre (desejável) crescente democratização do mundo, a estética da LIS é a suprema expressão artística da denúncia, cujo desenvolvimento e evolução está na razão inversa aos postulados e axiomas da Declaração Universal dos Direitos do Homem e d

As Férias de Poirot, por Agatha Christie

Imagem
As Férias de Poirot Agatha Christie Trad. Fernanda Pinto Rodrigues 216 Páginas Uma coisa é desejar a morte de alguém e outra, muito diferente, é matá-la, com o dito e feito em efectivos da situação. Todavia, no caso deste desejo coincidir com a circunstância, assaz misteriosa, de um estrangulamento eficaz, então quem teve a intenção mas não cometeu o acto, substitui-o pelo sentimento de culpa correspondente, e passa a acreditar cegamente na força da magia. As influências do mal, a fabulação delirante, a incerteza nos sentidos e a crise de identidade sobrevêm sorrateiramente a exigir o castigo para sua (pseudo ou imaginada) falta, favorecendo ao criminoso (real) a absolvição e fornecendo às autoridades um culpado. Se... Isto é, se no enredo, na trama, não entrasse também a invulgar perspicácia de Hercule Poirot, esse personagem pequenino com sotaque belga e cabeça de ovo de Páscoa, de bigode caprichoso milimetricamente aparado. Porque então a tramóia vai para o brejo, afunda-se, o moti

Três Receitas Celestiais

Imagem
Papos de Anjos 9 gemas e ovo 2 claras Açúcar q.b. Batem-se com força as gemas até ficarem num creme grosso mas macio e fofo. Deitam-se-lhe em cima as claras batidas em castelo. Deita-se depois tudo numas forminhas bem untadas com manteiga e põem-se a cozer em forno bem quente. Numa calda de açúcar bem perfumada com calda de laranja molham-se na altura própria os papos de anjos. Convém em seguida pegar neles com muito jeitinho, para que não se deformem, depositá-los num prato fundo e cobri-los com o resto da calda. Toucinho do Céu 500 gramas de açúcar 115 gramas de doce de chila 115 gramas de amêndoas raladas 20 gemas de ovo 1 colher de chá de canela Deita-se o açúcar num tacho, a chila e um pouco de água, e leva-se ao lume até ficar em ponto baixo. Junta-se-lhe a amêndoa e volta a pôr-se tudo outra vez a ferver até fazer ponto. Interrompe-se um pouco para acrescentar as gemas fora do lume, mexe-se bem novamente e leva-se de novo ao lume, até tornar a fazer ponto. Tira-se então do lume

O Adeus às Armas, de Ernest Hemingway

Imagem
O Adeus às Armas Ernest Hemingway Tradução e prefácio de Adolfo Casais Monteiro 328 Páginas Do laureado autor que foi igualmente aquele a quem a Literatura Universal deve o facto de ter deixado de ser apenas mais um coloquial artifício, argumento de ideologias e moralidades, para passar a ser uma conversa a dois, cuja mais-valia se edifica na cumplicidade e empatia através da fluência narrativa, que já no jeito de Carson McCullers, derivava mais do arrolamento factual do que da confidente interpretação subjectiva dos sentidos e dos sentimentos, emoções e valores, mas antes obrigando o leitor, por exemplo, a reconhecer o afecto ou sentido como resultado das condições e circunstâncias explanadas, descritas, enunciadas e vistas, sob a exibida visão do narrador como dos personagens, razão essa por que se disse que essencialmente o Prémio Nobel não lhe terá sido concedido em vão, conforme ainda é reafirmado em alguns sectores da crítica, este livro não carece de divulgação nem precisa de re

Superstições Populares Portuguesas

Imagem
Superstições Populares Portuguesas Benedita Araújo 152 Páginas "Aquelle que se põe da banda do fuso Ou é tolo, ou não tem uso." Como contribuição para o estudo do nosso inconsciente colectivo, este livro arrola e intenta interpretar a maneira como o povo português foi transformando as suas suspeitas infundadas e crenças em valores bioculturais herdados da ancestralidade, manifestada mais concretamente, quer no plano tradicional, quer ao nível religioso e das instituições, quer no biológico, sanitário e sexual, face a certas atitudes e práticas, rezas, pensamentos rituais, a que é comum atribuir forte carga mística e poder mágico, mas sob uma perspectiva etnográfica, ou dos costumes que se consideram relevantes enquanto vivências culturais presentes, testemunhos continuamente (re)actualizados do nascer e do morrer, do trabalhar e do folgar, do cuidar e do desfrutar, das diferentes formas de encarar a relação do homem com as entidades míticas superiores, de reagir perante as os

A Primeira Esposa, de Françoise Chandernagor

Imagem
A Primeira Esposa Françoise Chandernagor Trad. Clarisse Tavares Este livro é uma extensa carta de amor, escrita no feminino e eterno sofredor de coita, qual diário de bordo de um casamento desfeito, e enquanto deriva da navegação solitária num mar escabroso, pejado de infidelidades e traições múltiplas, cometidas por um D. Juan da actualidade, como indicativo daquilo que outrora terá sido regra dificilmente deixa de participar no presente, qualquer que ele seja e independentemente dos graus de civilidade que o circunscrevam. Sopro remanescente do amor submisso e feudal, a um senhor neofilista, bígamo constante, embora que nem sempre com as mesmas, narra a luta controversa de uma mulher que balança entre a sofrida presença do marido e a dor da sua ausência, entregando-se e forma convexa, convergindo alternadamente quer no amor, quer no ódio, no comodismo como na revolta, na solidão ou no mundanismo, no desespero como na esperança, mas a quem não faltou, contudo, a lucidez, objectividade

E vai mais uma!

Imagem
Lamentavelmente os números apresentados na crónica Proibido Olhar , de quinta-feira passada, logo na madrugada de sexta-feira foram inequivocamente alterados pois, conforme noticiaram diversos diários, às 5:30 h em S. João da Talha (Loures), um homem de 28 anos, conduzindo o seu prendado Mercedes, parou a viatura junto à bomba para bater na namorada, Cátia Sofia, de 22 anos, arremessando-a de seguida para a faixa de rodagem em que, precisamente nessa altura, circulava a carrinha duma pastelaria, talvez de transporte de bolos, que a atropelou, provocando-lhe a morte imediata. Mas não só: outros casos de maus tratos vieram a lume, de onde se depreende que num período de tempo relativamente curto tenham aumentado para quase 70, e isto não contando com aquelas que "comeram e calaram", porquanto são reféns da sua condição económica e dependem integralmente das gentilezas monetárias dos agressores. Todavia, as autoridades portuguesas, a justiça portuguesa e a comunicação social vig

Leslie Charteris, e O Santo

Imagem
O Santo em Miami Leslie Charteris Trad. Fernanda Pinto Rodrigues Nos romances de Leslie Charteris, que não são propriamente policiais, ou apenas policiais, mas antes imergem e mergulham no universo da aventura/espionagem/acção, os cenários são invariavelmente idílicos, poéticos, de comédia musical e glamourosos, o discurso quase barroco pelos floreados, e o sentido de humor recambia-nos para a gargalhada solta do enquanto a página se vira ao dedinho molhado. Na série O Santo , estas características acentuam-se. E aqui, fá-lo deambular pela exótica Miami, com garotas bonitas e manhosas à perna, qual Robin dos Bosques em ida a banhos, aldrabando os aldrabões, saqueando os gatunos, metendo os maus na linha e cortando as voltas à polícia – "o nosso destino estaria errado se não travássemos discussão com a autoridade", como ele diz a páginas tantas –, fazendo justiça à sua maneira e sob uma lei que inventou exclusivamente para o seu (templário) jeito de operar. Porque Simon Temp

Cuerpo de Mujer..., poema de Pablo Neruda

Imagem
Cuerpo de mujer, blancas colinas, muslos blancos, Te pareces al mundo en tu actitud de entrega. Mi cuerpo de labriego salvage te socava Y hace saltar el hijo del fondo de la tierra. Fuí solo como un túnel. De mi huían los pájaros, Y en mi la noche entraba su invasión poderosa. Para sobrevivirme te forjé como una arma, Como una flecha em mi arco, como una piedra em mi honda. Pablo Neruda

Unidos Pela Guerra

Imagem
Unidos Pela Guerra Peter Cave Trad. Pedro Lopes d'Azevedo e Clarisse Tavares 304 Páginas A narrativa transcreve aquele período de eclosão da Segunda Guerra Mundial, mais precisamente desde o Outono de 1939 até ao Verão de 1940, em que o dia a dia estava fortemente carregado pelas influências das propagandas e ideologias, e relata o quotidiano de duas famílias inglesas durante esse tempo, socialmente opostas e diferentes, uma burguesa e a outra plebeia, que se vêem obrigadas a conviver, incontingências da sobrevivência, e assim convergindo, não obstante todas as suas divergências no modus vivendi como de valores e filosofia de vida, ao se verem unidas pelo "santo laço do matrimónio" entre dois dos seus descendentes, numa altura de crise e falência das condutas e clivagens tradicionais britânicas, certamente de risco e incerteza pelo amanhã, em que a mínima relação interpessoal dos géneros pode ser o rastilho incendiário para uma afectividade passional. Nesta reconstituiç

Poibido Olhar

Imagem
Algumas pessoas são contra mim. E depois, qual é a estranheza?... A maior parte delas, até contra elas próprias são! É característico do step social no deslavado sobe-e-desce das formas, formaturas e formatações arrivistas, para que aquilo que se olhe se não veja, aquilo que se escuta se não ouça, aquilo que se fala se não diga, aquilo que se sonha se não pense e aquilo que se quer seja silenciado, que se esconda no que há de pior das nomenclaturas, sobretudo os oxímoros que encerram, as leis que ultrajam e a transparência que aniquilam, que se entendermos certos termos e denominações por aquilo que são e significam, que invariavelmente nos sentiremos o mais miserável dos desgraçados povos existentes à face da terra, principalmente se começarmos pelo sentido exacto de algumas das suas instituições fundamentais como o são, ou o é, por exemplo, o de Justiça Portuguesa, clamorosamente contraditória uma vez que de justa não tem quase nada, como o atestam os 700 (mil ou milhões, perdoe-se

Remédio Fatal, de Catherine Aird

Imagem
Remédio Fatal Catherine Aird Trad. Eduardo Saló 224 Páginas A acção desenrola-se num ambiente sócio-profissional circunscrito aos cuidados de saúde bem como à investigação científica, e a narrativa gira à volta da problemática dos testes, ou experiências efectuadas pelo corpo clínico de novas "drogas" em pacientes seus, que assim funcionam como cobaias humanas. Extraordinariamente inquietante, a questão desperta um sem-número de reacções dentro do leque convencional, quer do foro ético e deontológico, como ao âmbito filosófico e científico. Então, uma doente supostamente inscrita nesse programa de pesquisa (Protocolo Cardigan) morre. É o princípio casual para uma longa e exaustiva expedição dos policiais (Sloan, Crosby e Leeys) à velada e maneirista atmosfera do crime. Sempre misteriosa, sempre obscura, sempre perigosa, sempre labiríntica, mas também sempre tão explicitamente ligada aos seus interesses e motivos, que basta desvendá-los para que o novelo se desenleie totalment

Em Busca das Bandejas de Oiro, de Jacques Futrelle

Imagem
Em Busca das Bandejas de Oiro Jacques Futrelle Trad. J. Lima da Costa 190 Páginas Quem de vinte(,) cinco tira, quantos ficam? Num baile de máscaras um indivíduo disfarçado de ladrão a bafa, b ifa, g ama, as 11 (onze) bandejas de oiro ao anfitrião (e de fugida leva consigo a cowboy de serviço que o supusera seu namorado, e julgara reconhecer não obstante desconhecer o mascarado – porque isso das máscaras funciona mesmo em ficção, embora quase nunca suceda em realidade, onde o jogo de faz-de-conta). Então, um jornalista armado ao pingarelho aventura-se na peugada do engenhoso artífice amigo do alheio, sensivelmente dois passos à frente da polícia, aliás, orquestrada e dirigida pelo Génio Supremo. Todavia este jornalista, não passa de um peão de brega na faena do verdadeiro artista, a Máquina Pensante, cientista por método, diploma e profissão, e aí aquilo que eram somente dois passinhos vira quatro. O que era um ladrão desdobra-se noutro. E entramos graciosamente no jogo dos espelhos...

As Aranhas Douradas, de Rex Stout

Imagem
As Aranhas Douradas (The Golden Spiders) Rex Stout Trad. Manuel Cordeiro Nas novelas de Rex Stout, das quais conhecemos pelo menos dez tradutores (Eduardo Saló, Catarina Rocha Lima, Mascarenhas Barreto, Maria Luísa Santos, Lucinda S.Silva, Maria Emília Ferros Moura, Manuel Cordeiro, etc., etc.) as variações sequenciais, no seguimento ou sucessão dos trechos, para delineamento dos quadros ou dísticos que, depois de encadeados, formam o painel da narrativa, as diferenças entre elas ou eles, são sempre subtilíssimas e deléveis, sem bruscas tiradas, esticões de conteúdo, nem rompantes e repentinos impulsos geniais, mas antes com a pertinaz harmonia de quem ensaia o decalque sobre o esboço, nele insiste por diversos prismas, para melhor vincar os contornos das figuras numa aguarela esbatida pelo tempo. E daí o sentimento de familiaridade, a entrosagem, o reconhecido entrosamento que o leitor experimenta sempre que pega num novo volume, sentindo-se como em casa, não só pela fluê