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Mostrando postagens de julho, 2021

TODO O POEMA É CONTROVERSO

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  TODO O POEMA É CONTROVERSO    Cada momento é único. E mesmo qu’o tempo seja Extensível, por peleja, Adulterado ou púnico, Cada momento é único. Nada há que o contorne.    Nem pérfida mente, visão Distorcida pla navegação, Ou alguém que o transforme… Ninguém há que o contorne!    Único ainda qu’adverso… S’o momento é legítimo E nasce da graça dum crer, Traz colado a si um verso Seja público ou íntimo, Pra que toda a gente ao ler O dê ímpar… – controverso!    Joaquim Maria Castanho   #redesenharavoz #poesia #literaturaportuguesa #poesiaportuguesa

Rosa Honrado Calado, GENTES QUE MARCAM A VIDA DA GENTE

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  GENTES QUE MARCAM A VIDA DA GENTE Rosa Honrado Calado (138 páginas) Edições Colibri Lisboa, 29 de maio de 2021 Não fosse a autora deste livro, Rosa Honrado Calado, formada em História, com diversas obras já publicadas neste universo temático e disciplinar, nomeadamente coautora de manuais escolares (História e Geografia de Portugal), ou, mais recentemente, de coautoria com Francisco Santana em Ponte Vasco da Gama (1996), e autora de Aos 100 Anos, História do Grémio de Instrução Liberal de Campo de Ourique (2010), facilmente estaríamos inclinados para classificar Gentes Que Marcam a Vida da Gente, como mais um künstlerroman – palavra alemã que significa “romance do artista” e se reporta a um tipo de narrativa que nos dá conta da vida e formação dum autor, ou autora, ou até duma personagem que se lhe assemelha desde a infância à maturidade –, ainda que na maioria destas obras se descreva a luta duma criança de temperamento artístico e delicado para se liber

ESQUECE, Escrever o colonialismo em Angola, de Maragarida Paredes

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  ESQUECE Escrever o Colonialismo em Angola MARGARIDA PAREDES Prefácio Inocêncio Mata 128 páginas Edições Colibri Lisboa, maio de 2021 A literatura é ficção. Logo, nunca retrata a realidade. Nem a atualidade. E a vida. Antes as usa, as utiliza, de forma mais ou menos realista. Portanto ESQUECE, que é um livro escrito com uma bolsa de criação literária da Direção Geral dos Arquivos e das Bibliotecas do Ministério da Cultura, que a autora recebeu no concurso nacional de 2018, tal como é afirmado na contracapa, “é uma obra ficcionada sobre a colonização portuguesa em Angola”. Nessa perspetiva, em que espelha memórias e registos, experiências e malhas que o império teceu, o processo de colonização/descolonização é humanizado e concentrado na biografia de uma negrinha de criação, desde a sua atormentada infância, até à sua emancipação definitiva, em resultado dos diversos movimentos/estádios de libertação e amadurecimento que atravessou. Com raízes fundamen

NUNCA DIGAS ADEUS AO VERÃO, de João de Mancelos

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  NUNCA DIGAS ADEUS AO VERÃO João de Mancelos Edições Colibri Lisboa, março de 2021 A literatura é uma arte esquiva. Ela nunca reproduz a realidade. Quanto muito, utiliza-a. Usa-a em proveito da poesia, do teatro, do romance, da saga, da epopeia, da novela, do conto, da crónica e da shortstory , sob os mais diversos aspetos e suportes, motivações e estilos. Algumas delas, como as crónicas/conto de Nunca Digas Adeus ao Verão, de João de Mancelos, são tão compactas, que raiam o guião de casos, de situações, que os leitores e leitoras podem observar com considerável distanciamento. E é ele – esse afastamento objetivo – que nos faculta apreciar a palavra elaborada, a cadeia de filigranas (frases curtas), a intrincada teia de significantes e significados através dos quais são geradas. Edificadas. E expostas. Às vezes o discurso aproxima-se tanto da técnica cinematográfica que as elipses contribuem a olhos vistos para os desfechos inesperados, surpreendentes, a

ANA LANDEIRO, Brisas Quentes

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  BRISAS QUENTES Ana Landeiro (poesia) 15,5 x 23 cm, capa mole, a cores, plasticizada 103 páginas A poesia, além de uma ancestral e exímia técnica (arte) de codificar e descodificar mensagens, originariamente orais e somente acessíveis aos por ela e nela iniciados, é também um exercício de sensibilidade e sensibilidades. E BRISAS QUENTES é um livro de poesia que cheira a azul e dunas douradas – ou salgadas –, de expressão (lírica) intimista, com a sensualidade à flor da estrofe (livre), pejada de palavras inventadas (para podermos amar), compostas por letras, fonemas, noemas, sílabas e imagens sem qualquer pretensão, mas que não couberam na tinta dos beijos da solidão, pondo o diabo a tremer (diante de tanta tentação). É um exemplo pertinente, e comprovativo, de como as metáforas no prendem às litanias do evoluir para aportarmos à magia dos sentidos, das emoções, dos sentimentos, dos afetos, transportando-nos, assim, para essoutro universo, onde o mel