MARINHO DAS MEIGUICES
MARINHO, UM FALSÁRIO NO ALENTEJO Jorge Branco 224 Páginas Edições Colibri, julho 2024 N aquele tempo viver dentro da lei era contribuir para a opressão dos seus vizinhos e familiares. E não cumprir a lei, desde que fosse para sabotar os desígnios dos poderes instalados, era considerado um comportamento de lesa pátria ou traição a ela. Mesmo que o fizessem apenas por dinheiro, coisa apolítica que seria apenas legítima para os defensores do sistema e ordem pública, para singrar na vida ou sair da mediocridade e provincianismo tacanho. Pelo que este livro pode ser visto como uma epopeia pícara de um habilidoso meliante filho de droguista da Outra Margem à beira-Tejo, e de uma mariarrapaz alentejana, Matilde Maria Palma [1] , uma criança que prometia dar luta à morte, vaticino que se evidenciara pela apetência com que se agarrara à teta da mãe na sua primeira refeição fora do ventre materno, filha de um latoeiro ratinho que se fixou no Alentejo interi