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Mostrando postagens de novembro, 2018

A VISITAÇÃO

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AUTO  DA  VISITAÇÃO  1. Chiam travões, bate uma porta E a tarde perde a calma monótona. A mosca abandona a migalha sobre a mesa; Há ainda a bolsa do casqueiro A corna das azeitonas Um pichel destapado  Uma rodilha sobre o oleado Um corcho de cortiça Um cântaro com a asa partida.  «Quem será?» ... os patrões foram a banhos, O gado está no curral,  O carteiro já veio esta semana. A terra não pode com amanhos, As searas foram vendidas; Crescem olhos tamanhos – quem será?? 2. Ressalva-a, emenda a voz Estende os braços aos rés do tempo Ao degrau da entrada, à sombra  Do umbral a moldura faz. Pestaneja quando eu chegar! Diz do trigo a colheita sólida Do fruto a amora brava, O suco revertendo do olhar, Posto lá na linha da planície Mais perto do mar do céu Que barcos sonhos navegam Na desvendação do futuro. Deixa uma calça arregaçada sobre As fivelas de couro com sola de pneu O boné dependurado do trinco; A porta a esconder-se na penumbra.

DELÍRIOS SE FIZERAM ROSAS

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DE LÍRIOS SE FIZERAM ROSAS Tal brota uma rosa sobre espinhos Assim é minh’amada entr’as demais Que, ao cruzarem-se, nossos destinos Os olhos do coração soltaram ais.  Abriram novas sendas, novos caminhos Pintaram noutras cores, o arco-íris  Pétalas coloridas foram lírios  No rumor das brisas soaram jograis.  Seus enganos sublimes (inocentes) Ensinara-me a espera sem desespero;  Suas demoras foram puro esmero Que torna as rotinas bem diferentes,  Já que antes apenas tédio eram…   – Amantes amam, mesmo se só esperam! Joaquim Maria Castanho