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Mostrando postagens de julho, 2024

ELE, o livro

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    ELE, o livro   “Com os livros acontece-me o mesmo que com as pessoas: se encontro um verdadeiramente bom, afasta-me, desgosta-me todos os outros. Assim não tenho feito mais do que reler a GUERRA E PAZ e a CORRESPONDÊNCIA de MADAME du DÉFFAND. Ambos – embora duma maneira muito diferente, me encantam.”   In JOURNAL , de LUZIA 24 de abril de 1903 Pág. 16     Porém apetece referir, que aquilo que se passa com os escritores e escritoras enquanto leitores e leitoras, também se passa com os escritores e escritoras enquanto pessoas, porquanto aquilo que fizeram foi só escrever um livro, aquele que é o seu livro, sendo todos os outros não mais que ensaios, tentativas de a ELE chegar definitivamente ou, então, justificações posteriores a ELE que considerou pertinaz acrescentar-lhe.     Há mesmo quem tenha publicado todos os outros, exceto esse, ou aquele que para si era realmente o que buscara toda a vida. E LUÍSA SUSANA GRANDE DE FREITAS LOMELINO (Portalegre, 187

UM LIVRO DE CAPAS PRETAS E LETRAS PRATEADAS

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    UM LIVRO DE CAPAS PRETAS E LETRAS DE PRATA (para matar bruxas e lobisomens)   Estava eu a ler pela enésima vez as duas páginas que antecedem O POEMA DO HAXIXE, dos PARAÍSOS ARTIFICIAIS, de Charles Baudelaire, numa tradução de 1971, feita por José Saramago, quando aquelas incómodas   perguntas «Será mesmo necessário, para o contentamento do autor, que um livro qualquer seja compreendido, exceto por aquele ou aquela para quem foi composto? Dizendo enfim tudo, é indispensável que seja escrito para alguém? », me obrigaram a parar e ficar assim a olhar para o nada como se esperasse encontrar nele igualmente escritas e prontas para o entendimento todas as respostas plausíveis, ainda que soubesse garantidamente que nunca tal coisa acontecerá sem a “ingestão” de algum alucinogénio mais poderoso do que a literatura.   Aliás, o que é que nós realmente queremos dela: respostas ou capacidade de interrogação?   Escrever por escrever não existe, assim como ler por ler também não