UM LIVRO DE CAPAS PRETAS E LETRAS PRATEADAS

 

 

UM LIVRO DE CAPAS PRETAS E LETRAS DE PRATA (para matar bruxas e lobisomens)

 

Estava eu a ler pela enésima vez as duas páginas que antecedem O POEMA DO HAXIXE, dos PARAÍSOS ARTIFICIAIS, de Charles Baudelaire, numa tradução de 1971, feita por José Saramago, quando aquelas incómodas  perguntas «Será mesmo necessário, para o contentamento do autor, que um livro qualquer seja compreendido, exceto por aquele ou aquela para quem foi composto? Dizendo enfim tudo, é indispensável que seja escrito para alguém?», me obrigaram a parar e ficar assim a olhar para o nada como se esperasse encontrar nele igualmente escritas e prontas para o entendimento todas as respostas plausíveis, ainda que soubesse garantidamente que nunca tal coisa acontecerá sem a “ingestão” de algum alucinogénio mais poderoso do que a literatura.

 

Aliás, o que é que nós realmente queremos dela: respostas ou capacidade de interrogação?

 

Escrever por escrever não existe, assim como ler por ler também não, pois que o mais importante em literatura, é saber que estás aí, e não vais deixar passar em branco as minhas dúvidas…

 

Joaquim Maria Castanho 


 

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