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Mostrando postagens de novembro, 2009

Nas Alfândegas da Fé

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As Três Tentações do Seguidor 1. Teoria "Os intentos de incluir o público – ou o leitor – no processo de criação de uma ficção são bastante vastos. À parte o já mencionado Julio Cortázar, pratica-os MarioVargas Llosa (quando quer que os leitores das suas novelas supram a verdade do que em A Casa Verde , por exemplo, possa ter sucedido com a Casa Verde e as personagens a ela vinculadas), William Burroughs (quando pede que as sequências fold-in sejam encaixadas umas nas outras pelos leitores) e aquele escritor inglês, B. S. Johnson, de cujo romance The Unfortunates disse Stanley Reynolds no New Statesman (21.2.19: «[his] new novel, done up is a box, chapters loose, you can chuffle them about, get the story then, I suppose » – p 264; pratica-os o próprio Onetti em O Estaleiro (quando oferece ao leitor desenlaces do romance) e em A Vida Breve (na qual chegamos a uma sequência durante cuja leitura tive a forte impressão de que os personagens estavam a inventar o autor), e praticam-

Como ontem e sempre, ámen!

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Tenho uma comunicação muito grave a fazer a Vossas Excelências pior que o meu estado de saúde é a corrupção nas altas esferas eu já andava apreensivo com as notícias nas gazetas o que almoça um director-geral quem ateia fogos nas florestas (e aqui chegado vão-me permitir que abra um curtíssimo parêntesis não acredito que esses incendiários sejam todos doentes da cabeça mas enfim de que há-de viver a nossa pobre e triste imprensa quando se atrasa o cometa Halley e o Entrudo é um longo bocejo) neste particular não invento nada fala-se de escândalo nos gabinetes a verdade é que algumas histórias são simplesmente de estarrecer haveria mesmo ignóbeis luvas e outras espórtulas financeiras indignas de um país virtuoso enquanto Estado de Direito façam Vossas Excelências a fineza de acreditar que não exagero por alegada oposição ao regime ou propensão para o devaneio é claro que noutra oportunidade avançarei com pormenores concretos por agora limito-me a alertar reservando os nomes dessa gente

Os Contadeiros de Pilhérias

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" Para ti Camões Que tão raros poetas houvera País triste em qualquer era Que tiveram como heroína Esta pátria ou a sua sina, Ficaram escritos em padrões Como Os Lusíadas de Camões, Verbo dessa poesia sem igual Gravada na História de Portugal Já vindos dos séculos de Além, Que ainda se cantam hoje porém E se cantarão sempre, com altivez Enquanto no mundo houver um português!" Poema de Leonardo Cardoso , poeta portalegrense nascido em Castelo de Vide Antigamente, quando andava nas comezinhas andanças da croniquice labrosca da comunicação social regional, os pingentes mafiosos dos cafés que frequentava, normalmente imbuídos de enormes e fortes doses da dor de corno com que açucaravam o leite de formiga pingado a cuspinho, que caracterizava o seu consumo habitual nesses estabelecimentos, costumavam-me criticar as crónicas por três motivos: porque tinham algumas gralhas, porque desancavam as políticas das governâncias centrais como locais, e, principalmente, porque eram minhas,