Homília do adventício

Homília do adventício

Quem quer fazer caridade fá-la do seu próprio bolso, não se serve do dinheiro de todos os portugueses, do bolo resultante dos contributos e impostos, para armar em bom e conquistar um lugarzinho no céu. As autarquias, edis e demais instituições (ou serviços) públicos, que empregam pessoas que não servem absolutamente para nada, a não ser criar mau clima, vilipendiar as regras internas, atrofiar os serviços, destrambelhar o ambiente de trabalho, as colocam em bibliotecas, arquivos, museus, escolas, centros de saúde, serviços sociais, infra-estruturas desportivas, edifícios históricos visitáveis, jardins ou parques naturais, etc, que apenas oneram o custo do Estado e do poder local, exigem o sacrifício de meios e recursos imprescindíveis para a sustentabilidade do país, sob o fito de "comprarem" o votos dos seus vizinhos e amigos de tertúlia, paroquianos e confrades, num inequívoco favorecimento da sua cristandade em detrimento das cristandades alheias, está roubar a república em nome da sua vocação missionária, a defraudar as intenções de justiça social de um povo, a esconspurcar a democracia, e deveras quer praticar o bem então pode ingressar nas missões que se localizam noutras partes do globo, ir prò Dakar, Afeganistão, Somália, Etiópia, Paquistão, etc. e quejandos, pois que aí sim, é que faz falta e daria uma ajuda valente, de corajoso templário da modernidade disseminador da fé e da prole branca. Aliás, como é que pessoas, individuais e colectivas, que não cumprem a lei nem os compromissos livremente assumidos, se acham com autoridade e podem outorgar arautos do bem? Quantas são as autarquias que empregaram mulheres como motoristas de transportes públicos, por exemplo, depois da ANMP (Associação Nacional dos Municípios Portugueses) e elas próprias, terem subscrito ou aprovado em assembleia a Carta da Igualdade de Géneros?


Cultura à (antiga) portuguesa


Uma mão lava a outra, e as duas, lavam o rosto. Na tradição do pão é qu'ingorda a porrada é qu'induca, é essencial apoquentar as vítimas, pois que se um mal existe foi porque elas o estimularam, o permitiram e o inspiraram. Nela, os intelectuais pata-negra e a cultura da matança, demonstram-se acérrimos mentores da morte para vencer (e superar) as crises. Se se precisa de dinheiro para pagar ao pessoal, comprar alfaias ou sementes, então mata-se uma vaca. Se se precisa de alimentar os ganhões, mata-se um porco. Se se adoeceu, mata-se uma galinha. Se andam diabos à solta, sacrifica-se um inocente. Se há roubos ou selvajaria, mata-se um energúmeno sem-abrigo, para dar o exemplo da aplicação da justiça. Se não se gosta da mensagem, mata-se o mensageiro. Se não descobre o antídoto para uma epidemia, ou chaga social, mata-se a espécie, ou classe, que mais lhe é vítima. O remédio é santo, o milagre acontece, ignorância e superstição lavam-se uma à outra, e as duas escanhoam o rosto secular cujas faces, a Santa Madre Igreja e o Estado, brilharão rechonchudas de tutu imberbe aleitado de fresco do menino poder que renovará a tradição.

Você, até pode tentar enganar
Todos, ou quem lhe der na gana...
Porque tentar é apenas intentar;
Agora a mim, é que não engana!

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