E Viva a República!


Quem é mais insensato: a criança que teme o escuro
ou o homem que tem medo da luz?”

M. Freehill

A nicotina mata as lesmas; aliás, não há melhor remédio para quem tem caracóis nas alfaces, e quer tratar do seu quintal, do que fazer um caldo pestilento de beatas com que aspergir as verduras e assim evitar que demais "moluscos" lhe vegetem nas pradarias (do Oeste – no cowboyar das virtudes saloias), destruindo a biodiversidade e promovendo a selecção das espécies que melhor lhe engordem a conta bancária e forrem a tripa, transformando-o, ao quintal, claro está, num autêntico vaticano maltês pessoal à beira do botaréu de Santa Cruz plantado. Vai daí, alguém imbuído de altos interesses tóxicos, elegeu o Carnaval de Torres Vedras como mais uma cruzada de magnitude nacional para combater a Liberdade, a Democracia, a Justiça, incluindo a Social, o Progresso, o Conhecimento e a Inovação, e fez do Magalhães a sua faixa de Gaza bombardeando-o indiscriminadamente, projectando nele as suas perversões pessoais, não só dando-nos o exemplo do tipo de pesquisas ou utilizações que dele faria se ainda fosse uma criança em idade escolar que lhe tivesse acesso, mas também, qual Antero vingador do amor desdenhado, irmão caçula de Eros (Cupido), igualmente filho de Vénus e Vulcano, aproveitando a oportunidade de denegrir (diabolizar) com falsas razões aquela, de entre as iniciativas governamentais positivas, da igualha da legalização da interrupção voluntária da gravidez, da inclusão da vacina contra o cancro do útero no plano nacional de vacinação, a aprovação do Acordo Ortográfico, a remoção dos telhados com amianto do parque escolar, das medidas acerca da eficiência energética na construção de edifícios ou na aposta em meios de produção de energia alternativa não fossilizada, melhor corresponde à noção de eco-desenvolvimento e educação para a sustentabilidade, que pronuncia e concretiza a eficaz possibilidade de uma pedagogia ecologista, em prol do ambiente, para todos e em qualquer lugar, no integral respeito pelas diferenças, nomeadamente as económicas, em evidente benefício da saúde e cultura, da identidade nacional, da língua portuguesa e qualidade de vida, bem como da efectiva modernização da estrutura vital da sociedade como são "catalogados" os seus recursos humanos: mais precisamente, aquele que indubitavelmente é o supra-sumo das TIC europeias – o Magalhães. Porém, bateu com os burrinhos na lama, porque houve um cidadão português, provavelmente torreense, no exercício dos seus direitos, com frontalidade, transparência, determinação, consciência, respeito emancipado e esclarecimento democrático, não nas sombras ciprianas do corporativismo esclavagista e medieval, bastidores da quadrilhice, como é hábito dos monges do parasitismo boateiro e corrosivo da costureirice nos patins das esfregonas lixiviantes, que apresentou queixa nos tribunais da alçada, e estes, surpreendentemente porque dentro de prazo útil, accionaram os maquinismos legais e impediram a brincadeirinha, como diremos, também por brincadeira. Ora, chamar a isso censura, é o mesmo que confundir o apêndice fecal de um camelo com o Campo das Cebolas, fazer Inquisição com bruxarias ou diagnosticar doenças da civilização como defeitos congénitos, ou monstruosidades no DNA da História. Alguém é contra uma coisa e tentou impedi-la, em conformidade com a lei dentro de um Estado de Direito, e outrem que lhe é a favor, pelas portas da vilania, da vitimização, do confusionismo maniqueísta mediático e chicoespertismo nacional porreirista, almejou nessa atitude uma excelente forma de ganhar uns cobres eleitorais, exagerando nas carnavalidades para gáudio de difusos e equívocos moralismos, sobejamente demonstrativos de como a rigidez caracterial pode ser confundida com virtude, e a peste emocional com sensatez e bom gosto. Logo, não percebo qual seja o desatino... Se estão assim tão indignados, com o desfecho da queixa, porque não apresentam recurso? Porque não recorrem ao "Supremo" como costumam fazer por outras questões inferiores? Ou, antes, será porque tendo avaliado a relação custo-benefício ela já lhe ter rendido tanto, em termos de propaganda, que gastar alguns trocos nisso seria um enorme desperdício?
O placard, o outdoor da notícia acarretou a mais-valia do boomerang, e isso, sem a mínima dúvida, trouxe um lucro incomensurável que ninguém com seriedade, bem intencionado, honesto, inocente, confiante na Justiça e democrático, conseguiria com iniciativas parlamentares, governativas, processuais ou de marketing político, a não ser que pagasse principescamente muitos anúncios na comunicação social vigente e inúmeros banquetes, portos de honra, aperitivos de breefing ou confraternização de conferência de imprensa para o establishment do jornalismo (dito) plural & independente. Isto é, não só causaram a mossa que pretendiam causar na divulgação dos recursos pedagógicos e didácticos electrónicos/digitais, necessários e imprescindíveis ao nosso desenvolvimento económico e humano, como se vingaram da Justiça por ela já lhes não obedecer nos obscuros ditames, nem dizer Ámen nos interesses moleculares, locais e regionais, além de diluir a carga simbólica e significativa que no plano das liberdades, direitos e garantias constitucionais o instituto da censura tinha – e tem. Não dizê-lo, não incentivar o debate acerca das circunstâncias e nuanças que a artimanha encerra, não contribuir para a caldeirada com o nosso peixe de opinião, não participar activamente no processo de dissolução das fantasmagorias antidemocráticas é abdicar de quase todas as conquistas que a Liberdade, a Democracia, a Igualdade e o Conhecimento nos facultaram desde a queda da monarquia em Portugal. Pelo menos!

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