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Mostrando postagens de janeiro, 2010

As Sombras e os Números

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“Uma cerveja e um sonho; Eis tudo que tenho. De mim, do inconstante real, Mais nada – nem bem, nem mal...” O excitómetro ainda continua a ser o mais antigo e eficaz instrumento de medir te(n)sões, desentendimentos e medos de incompetência, também conhecidos por disfunções sexuais (além das outras que complicam igualmente a vida às pessoas com pouca prática no darem-se a volta a si mesmas, quer o façam por baixo como por cima – as que apenas se supõem ser). Eram três da manhã. O quarto parecia vazio e, embora tivesse ficado nele anteriormente, algumas outras vezes, estranho. Da mala de viagem aberta, as camisas impávidas e impessoais transbordavam, vivificando em seu desalinho uma estrutura inabitável. Descobria-se dentro delas, adivinhava-se exibindo o clamor do seu sedentarismo frustrado. Cosia-as mais a si. Lembravam-lhe corpos semidecepados – os seus outros heterónimos, à data adormecidos na clandestinidade, empedernidos pela estatuária de qualquer Pessoa no desemprego ou mal instru

Uma História da Estória

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Os condicionalismos teóricos e comunitários dominam-nos. A arte toma validade por não desviar os cidadãos da sua rotina, das subidas e descidas dos transportes públicos, do cinema das noites de sábado, das sextas-feiras de pulo na discoteca da berra, da praia ao domingo, e dos serões de Inverno com boa cozinha e excelente vinho, bem como do contagioso frenesim noticioso dos "jornais" multimédia, expondo a escancaradas janelas a sua miopia prò perto, quiçá a principal razão pela enorme falta de leitura que evidenciam, que à semelhança do greguíssimo Tales de Mileto, exímio em ver longe, para lá das estrelas, não enxergou o poço que havia sob os seus pés, no qual se encharcou até à medula, depois de nele ter caído. Uma estória não leva ninguém a perder o comboio! Porquê tanto barulho? Amofinam-se aos milhares pelos bares e cafés. Iludem-se e dão-se por realizados com mais uma aventura turístico amorosa? Contudo, acham o dinheiro mal empregado se o gastam em algo que tenha mais

Romance Estilhaçado

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RUI E IRENE – FRAGMENTOS DE UM ROMANCE ESTILHAÇADO Quando mudei, recentemente, de casa precisei de comprar alguns móveis. Entre eles, uma escrivaninha, que era coisa que não tinha, nem cabia na "mansão" antiga. As novas, eram modelos que não se coadunavam com a decoração da casa, e as que descobri nos antiquários ou eram demasiado caras para o meu go$to, sumptuosas, de época, ou estavam em "péssimo mau estado" – e perdoe-se-me o pleonasmo pela exactidão da imagem que nos fornece quanto ao estado de conservação das mesmas... –, carecendo de oneroso restauro, o que igualmente fazia com que as rejeitasse, embora com sério pesar, para o fim em vista. Todavia, tive conhecimento que um amigo de longa data, a quem haviam falecido os velhos progenitores há pouco tempo, com breve intervalo entre a morte da mãe e a do pai, cujo falecimento deste último se assemelhara antes a uma desistência de viver, iria desfazer-se dos trastes que herdara e remodelar o imóvel, que sabendo