As Sombras e os Números
“Uma cerveja e um sonho; Eis tudo que tenho. De mim, do inconstante real, Mais nada – nem bem, nem mal...” O excitómetro ainda continua a ser o mais antigo e eficaz instrumento de medir te(n)sões, desentendimentos e medos de incompetência, também conhecidos por disfunções sexuais (além das outras que complicam igualmente a vida às pessoas com pouca prática no darem-se a volta a si mesmas, quer o façam por baixo como por cima – as que apenas se supõem ser). Eram três da manhã. O quarto parecia vazio e, embora tivesse ficado nele anteriormente, algumas outras vezes, estranho. Da mala de viagem aberta, as camisas impávidas e impessoais transbordavam, vivificando em seu desalinho uma estrutura inabitável. Descobria-se dentro delas, adivinhava-se exibindo o clamor do seu sedentarismo frustrado. Cosia-as mais a si. Lembravam-lhe corpos semidecepados – os seus outros heterónimos, à data adormecidos na clandestinidade, empedernidos pela estatuária de qualquer Pessoa no desemprego ou mal instru