A Maldição de Petrarca (conto)
“O que mais prejudicou Petrarca aos olhos de Laura – foram os Sonetos . ” - Eça de Queirós, in Cartas d’Amor / Correspondência de Fradique Mendes A falta de algo é apenas um reconhecimento de quanto “esse alguma coisa” é deveras importante para quem assim sente a dita ausência, quase imperiosa ou momentaneamente fundamental, que o carecido encarece, se afoita no universo dos não-seres como se tanto fosse uma primazia assaz valorizada. Se for pessoa, posto que todas são além de seres indiscutíveis, também indivíduos com direitos e identidade inalienáveis, a carência mistura-se com outros sentimentos de diferente motivação, significado e afectividade, indo desde a saudade à impotência fatal, a que nunca serão alheios a ética e a biologia, a formação e a natureza, ou a personalidade dos sujeitos que tomaram a nomeada consciência como circunstância evidente e, quiçá, incontornável. Ao fenecer do dia, se escurece, quando o lusco-fusco se volatiliza em negritude, aquilo que registamos não é