O SONHO NÃO É SONHO




O SONHO NÃO É SONHO 

"Aquilo que a Glosa determinar deve ser mantido, pois nas decisões das glosas raramente se encontram erros" – Baldo, século XIII-XIV. 

Quando te digo o sonho
Aprendo-me contigo
A escapar ao medonho
E a fugir do perigo. 
Que a voz se liberta
Libertando-nos com ela; 
Logo-logo nos desperta
E acorda a "Cinderela" 
– Assim tão uma, tão de repente
Que o sonho, não é sonho... é gente! 

Que ao dizer-te primeiro
Bem antes de tudo o mais
Me faço teu aio escudeiro, 
Mentor de aedos e jograis; 
E que nunca esquecem gratos
De tanta felicidade ter,
Pela Senhora cujos atos
Lhe conferem são parecer
– Assim tão uma, tão de repente
Que o sonho, não é sonho... é gente! 

Primeira de primeira lei, 
Par mas de ímpar gesta; 
Que a ela devo quanto sei
E sem ela o saber não presta. 
Que meu dizer é por si só, 
Depois partilhado a eito; 
Moído grão a grão sob a mó
Por quem me bate o peito 
– Assim tão uma, tão de repente
Que o sonho, não é sonho... é gente! 

Joaquim Castanho
(Imagem:Princesas da Disney)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Suciadade dos Associais e Assuciados

Herbert Read - A Filosofia da Arte Moderna

Álvaro de Campos: apenas mais um heterónimo de Fernando Pessoa?