Maria Anna Accioaioli Tamagnini
Eis dois poemas daquela que considero uma das mulheres de excepção do século passado, com escrita límpida, de uma imagética ímpar, umas vezes a voar nos pressupostos do universo de Camilo Pessanha, outras, a navegar entre a expressão continental de Cesário Verde e o "crioulo" sentir de Venceslau de Moraes. Aqui ficam, portanto, como aperitivo para melhores e futuras abordagens... Não espelham o meu pensar nem, provavelmente o da autora, mas são bem o exemplo daquilo que um estilo cristalino pode fazer às palavras, tornando-as estrelinhas cintilantes num mar de magia ou céu de sons que nos entretecem. FOLHAS DE LÓTUS Sobre folhas de lótus escrevi As letras do teu nome, meu amor, Naquelas folhas que a sorrir colhi Ao debruçar-me sobre o lago em flor. Sobre as folhas de lótus desenhei O mais risonho trecho da cidade; E esse leve desenho que tracei Dir-se-ia uma paisagem feita em jade. O teu nome mais belo se fizera No relvo das letras bem gravadas. A paisagem lembrava a Primaver