Dos Seguidores da Estrela
Ismail Kadaré "É preciso esconder a profundidade [JC1] ", escreveu Hofmannsthal. "Onde? À superfície." [JC2] O albanês Ismail Kadaré, batendo na recta final a sua mais directa e colossal concorrência (Milan Kundera, Ian McEwan e AntonioTabucchi), venceu – quer dizer: ganhou – o Prémio de Letras Príncipe das Astúrias, laureado esse, precisamente, que depois do Nobel é o mais importante galardão literário no actual universo das línguas românicas, trazendo para a ribalta o subgénero da literatura política e pondo na ordem do dia aquela faceta da ficção que mais se preocupa – e até intervém nela! – com a realidade sócio-económica, religiosa e institucional, das pátrias, das regiões ou dos continentes, com uma trintena de novelas escritas, maioritariamente (ainda) na Albânia e sobre o sistema político albanês que era tão comunista, mas tão comunista, que levou a República Popular da Albânia a abandonar o Pacto de Varsóvia, numa época em que seria impensável e imprevisív