O Condão dos Mírdeas!
"– E isto, conheces? Conhecer apenas metade é perigoso. Bebe até não poderes mais ou não bebas da fonte das Musas. Aí, as águas de superfície intoxicam o cérebro, mas se bebes à saciedade, receberás a lucidez. Pope, no mesmo ensaio. Então, como te sentes, depois disto?
Montag mordeu o lábio. "
Ray Bradbury, in Fahrenheit 451
Agora que a Espanha é campeã mundial, não restam dúvidas nenhumas: eles, os espanhóis, até quando estão mal são muito melhores do que nós, em tudo, da economia ao desporto, da cultura à democracia, uma vez que não se deixam intimidar por quaisquer laranjinhas bichadas que andem a abrir sites de conteúdo pornográfico nas bibliotecas, escolas e locais públicos de Internet, só para terem o prazer de carregar de vírus os attaches de quem mais frequente esses organismos ou instituições, cujo fim, último e primeiro, é o de partilhar facultando aceder ao conhecimento, propiciando a sociedade para todos e a participação democrática, em igualdade e enraizado envolvimento cívico, e tudo isso porque os responsáveis pelo funcionamento dessas ferramentas civilizacionais preferem o silêncio melindrado corporativista, à comunicação adulta e racional, prejudicando as suas instituições sob o pretexto que lhe estão a proteger a imagem. Se há algo errado, e alguém o diz, aqui d'el rei, cai o Carmo e a Trindade, porque a verdade soou em vez do silêncio compungido dos penitentes, alterando a ordem dos canalhas que até ali se têm lambuzado com as iguarias da corte, tentando fazer passar a mensagem que o indecoroso e prevaricador não é quem prevarica e comete as faltas, mas sim quem as nomeia e propala, pondo acento tónico na transparência, debate, avaliação e correcção das medidas ante os resultados. Se dois ou três matulões preferem estragar aquilo que é de todos, porque assim sendo também é deles, e com aquilo que é seu eles fazem o que muito bem lhes der na gana, conseguem-no e ainda se ficam a gabar do heróico feito, porquanto os responsáveis optaram há muito insistir no erro monumental, desde que vindo de dentro, dos seus cúmplices de profissão e confrades cooperativos, a admitir discutir sequer os processamentos e actos profissionais. Seria uma humilhação. Séria. Grave. E um admitir que há melhores maneiras de fazer as coisas do que aquela que praticam e executam, o que lhes provocaria um curto-circuito terrível na consciência e narcisismo.
Não, essas instituições e organismos públicos não servem para satisfazermos a nossa gula expansionista e missionária, nem a partidarite aguda de que padecemos, sejamos simples utilizadores, técnicos ou profissionais do ramo, gestores ou dirigentes, mas sim para consolidar a sociedade do conhecimento e da informação que no-los patrocinam, no-los criaram e pagam a sua manutenção, funcionamento e divulgação, esclarecendo e formando cidadãos capazes de responder às exigências do seu tempo, não para que eles imponham a sua bizarria australopiteca aos demais contemporâneos e concidadãos.
Há um blogue que trata de relações e sentimentos, afectos e poesia, e eis que logo aparece quem seja lampeiro em classificá-lo de aberração, manigância de interesses sexuais obscuros, de clube de apanhados ou manifestação de exibicionismo cultural, com vincada pretensão à propaganda "idiológica" (lógica do idiota), que deve ser perseguido por quem coisifica os géneros, protege os sexismos e especismos, e se serve da democracia como um fim de alcançar o poder para depois fazer o que lhe apetecer, uma vez que é quem manda e sabe o que é bom para todos. Há um escritor que retrata a sociedade do seu tempo, como lhe compete, considerando que a cultura é sempre crítica da natureza, e a arte crítica da cultura, porém como também há alguém que não se sente beneficiado pelo retrato, eis que tenta sujá-lo por todos os meios ao seu alcance, dando-lhe o famoso e famigerado toque de Mírdeas que, ao contrário do de Midas, que transformava em ouro tudo em que tocasse, transforma em merda tudo o que aflora, seja pelos olhos, como a leitura, seja pelo apanhar e agarrar às mãos-cheias.
Em vez de interpretar e analisar, mete na boca, como qualquer esfomeado símio faria a uma peça de lego, e depois cospe porque é plástico, e não concebe que alguém produza mais do que bananas, já que é disso que ele gosta, e a arte deve ser uma questão de gosto: se gosta é boa, se não gosta não presta. E quem foi o Galileu que o elegeu centro do mundo? O papá e a mamã?... Então, eles que o aturem!
Montag mordeu o lábio. "
Ray Bradbury, in Fahrenheit 451
Agora que a Espanha é campeã mundial, não restam dúvidas nenhumas: eles, os espanhóis, até quando estão mal são muito melhores do que nós, em tudo, da economia ao desporto, da cultura à democracia, uma vez que não se deixam intimidar por quaisquer laranjinhas bichadas que andem a abrir sites de conteúdo pornográfico nas bibliotecas, escolas e locais públicos de Internet, só para terem o prazer de carregar de vírus os attaches de quem mais frequente esses organismos ou instituições, cujo fim, último e primeiro, é o de partilhar facultando aceder ao conhecimento, propiciando a sociedade para todos e a participação democrática, em igualdade e enraizado envolvimento cívico, e tudo isso porque os responsáveis pelo funcionamento dessas ferramentas civilizacionais preferem o silêncio melindrado corporativista, à comunicação adulta e racional, prejudicando as suas instituições sob o pretexto que lhe estão a proteger a imagem. Se há algo errado, e alguém o diz, aqui d'el rei, cai o Carmo e a Trindade, porque a verdade soou em vez do silêncio compungido dos penitentes, alterando a ordem dos canalhas que até ali se têm lambuzado com as iguarias da corte, tentando fazer passar a mensagem que o indecoroso e prevaricador não é quem prevarica e comete as faltas, mas sim quem as nomeia e propala, pondo acento tónico na transparência, debate, avaliação e correcção das medidas ante os resultados. Se dois ou três matulões preferem estragar aquilo que é de todos, porque assim sendo também é deles, e com aquilo que é seu eles fazem o que muito bem lhes der na gana, conseguem-no e ainda se ficam a gabar do heróico feito, porquanto os responsáveis optaram há muito insistir no erro monumental, desde que vindo de dentro, dos seus cúmplices de profissão e confrades cooperativos, a admitir discutir sequer os processamentos e actos profissionais. Seria uma humilhação. Séria. Grave. E um admitir que há melhores maneiras de fazer as coisas do que aquela que praticam e executam, o que lhes provocaria um curto-circuito terrível na consciência e narcisismo.
Não, essas instituições e organismos públicos não servem para satisfazermos a nossa gula expansionista e missionária, nem a partidarite aguda de que padecemos, sejamos simples utilizadores, técnicos ou profissionais do ramo, gestores ou dirigentes, mas sim para consolidar a sociedade do conhecimento e da informação que no-los patrocinam, no-los criaram e pagam a sua manutenção, funcionamento e divulgação, esclarecendo e formando cidadãos capazes de responder às exigências do seu tempo, não para que eles imponham a sua bizarria australopiteca aos demais contemporâneos e concidadãos.
Há um blogue que trata de relações e sentimentos, afectos e poesia, e eis que logo aparece quem seja lampeiro em classificá-lo de aberração, manigância de interesses sexuais obscuros, de clube de apanhados ou manifestação de exibicionismo cultural, com vincada pretensão à propaganda "idiológica" (lógica do idiota), que deve ser perseguido por quem coisifica os géneros, protege os sexismos e especismos, e se serve da democracia como um fim de alcançar o poder para depois fazer o que lhe apetecer, uma vez que é quem manda e sabe o que é bom para todos. Há um escritor que retrata a sociedade do seu tempo, como lhe compete, considerando que a cultura é sempre crítica da natureza, e a arte crítica da cultura, porém como também há alguém que não se sente beneficiado pelo retrato, eis que tenta sujá-lo por todos os meios ao seu alcance, dando-lhe o famoso e famigerado toque de Mírdeas que, ao contrário do de Midas, que transformava em ouro tudo em que tocasse, transforma em merda tudo o que aflora, seja pelos olhos, como a leitura, seja pelo apanhar e agarrar às mãos-cheias.
Em vez de interpretar e analisar, mete na boca, como qualquer esfomeado símio faria a uma peça de lego, e depois cospe porque é plástico, e não concebe que alguém produza mais do que bananas, já que é disso que ele gosta, e a arte deve ser uma questão de gosto: se gosta é boa, se não gosta não presta. E quem foi o Galileu que o elegeu centro do mundo? O papá e a mamã?... Então, eles que o aturem!
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