Todas as Revoluções Começam com Flores...

No jardim da Celeste: Giroflé-giroflá

"Também é dos livros, que todos os comandantes em chefe, entre as lutas que sempre perdem, ganham e planeiam."
– Lídia Jorge, in O Cais das Merendas

Conforme o fait-divers do Público 2, de sexta-feira passada, ontem, dia 9 do mês de Júlio César, do ano da (des)graça PEC, os jasmins, essas odorosas gardénias galegas hermafroditas de flores brancas ou purpurescentes – ai credo, cruzes-canhoto!... –, além de vistosas podem pôr um homem a dormir só com o efeito de uma lufada, porquanto são senhoras de um mecanismo molecular de acção sobre o cérebro humano igual ao dos barbitúricos e ansiolíticos mais correntes, cujo efeito é tão forte como o dessas drogas, proclama o dito jornal, por assim o ter constatado no Journal of Biological Chemistry, e na sequência da descoberta de duas fragrâncias nesta flor, pela equipa de Hanns Hatt, da Universidade de Ruhr, na Alemanha. A notícia por si só é já um portento, agora o maior impacto deve-se sobretudo ao receio das farmácias e indústria farmacêutica europeia, uma vez que a sua mais volumosa e cimentada fonte de receita está precisamente na venda dos placebos anti-stress, com aplicação em sedação, redução da ansiedade, excitação e agressividade, bem como na indução do sono, coisa que vai faltando a muitos, com tendência crescente acentuada, na maré de crise em que naufragámos (desde o século XIV).
Talvez isto seja mais um sinal da vingança Alemã sobre as Espanha, que ultimamente não tem descoberto nada de jeito, quiçá ainda sob os efeitos traumatizantes dos maus negócios que Madrid tem efectuado, nomeadamente a compra do Cristiano Ronaldo e a OPA sobre a PT com a Vivo debaixo d'olho, que redundou numa golden share com perniciosas consequências Ibéricas, sobretudo ao Estado português que se sujeita a ser apalpado no OE pelo Tribunal Europeu, para quem as decisões meramente declarativas costumam ser locomotivas de um conjunto de outras não declaradas, mas surpreendentemente eficazes na surdez institucional dos países membros. Estas coisas moem muito, e às vezes até matam. Uma nação, mesmo que a ETA ande em sossego, também tem os seus achaques e inquietações, demasiado graves para se curarem com qualquer pensinho vermelhusco. Essa é que é Eça!
Porém, a suspeita de jogo sujo por parte da Holanda não está posta de parte... Aqui há marosca laranja! Pla certa! Habituada aos eflúvios gaseamentos e exalações das tulipas, jacintos, gladíolos, rosas e crisântemos, por país baixo que é, e que de pé, nem chega a bater pela cintura de qualquer pirinéu, por muito basco que seja, terá movimentado os apetites sexuais das plantas continentais e adjacentes, no sentido de intoxicarem os canais ibéricos, entupindo-os, recorrendo mesmo à infiltrada presença e actuação de uma flor abundante nas rusticidades galaico-castelhanas: o jasmim. E pela sua mais-valia, que é das virtudes medicinais e feiticeiras, havendo já quem defenda que, de futuro, aquela rosa sedutora que enfeitiçou o inocente cabo da guardia civil, atirada ao seus pés por uma fatal gitana mal intencionada, seja substituída em próximas/imediatas encenações da Carmen por uma gardénia, pelo menos, se bem que alguns radicais exijam mesmo um jasmim. Creio que neste mundo nada sucede por acaso, principalmente nos jornais. Nas universidades. E nos ministérios ou relvados sul-africanos. Portanto, meus amigos e amigas, estejam alerta e preparem-se que aí vem borrasca da grossa, e desta vez, não haverá golden share que nos salve: os espanhóis, doídos e açulados pelos alemães, vão plantar gardénias em todos os terrenos que já compraram nas redondezas do Alqueva. O odor e perfume destas plantas há-de alastrar de norte a sul, de este a oeste, adormecendo-nos, e quando, enfim, vier o próximo Verão, e acordarmos, O Primeiro de Dezembro mais não será que uma remota comichão no alzheimer de uma marsans que nos aconteceu com registo nas calendas gregas. Mas só nessas, nas gregas, que a Grécia nestas coisas é incapaz de nos deixar sozinhos, solidariedade de quem partilha as sortes de forcado, e sabe muito bem o que é isso de andar nos cornos do minotauro...E depois abufem-lhe nas vuvuzelas e batam-lhe palmas, que é manifestação de valentia e coragem para quem está já a pensar nos resultados das próximas eleições autárquicas ou legislativas: lugar certo e obra acabada. Participação incontornável e incontestável para os programas e planos do próximo quinquénio estratégico de Lisboa a Bruxelas, com apeadeiros em Badajoz e Cruz de Pau.

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