SILÊNCIO VELHO RESTELO NOVO
SILÊNCIO VELHO RESTELO NOVO Nesse labirinto das palavras Que me não dizes; nesse mar Onde em ondas de silêncio Naufragámos, recordo o teu olhar, Os gestos rebeldes das ervas bravas À tona de mergulhar no desejo imenso. E sou a saudade do que nunca fui, Teu amante eleito de horas vagas; Noite que em respirar se dilui Ruminando o tempo, se a vida flui Até ser a seiva das folhas amargas. De esperar, de crer na mudança; De acreditar que a terra é uma flor Pintada à mão, pla esperança em cor Na paleta inábil duma criança!... Nesse muro que o silêncio ergueu Como se fora um gesto de tirano dita dor, De roubar-nos o sonho e a magia De fazer o mundo plo sentimento teu E meu, de cruzar os mares da cor No batel da realidade e fantasia... Sou cada dia que passa mais Esse virar de página no ler de jornais Que nos falam de outros, de ninguém Conhecido ou de que sejamos iguais Por quem, contudo, morremos também