A Ditadura da Mediocridade

"Escucha, la vida se nos va y no hemos tenido ocasión de abrir la boca. De niños era diferente. Te acuerdas cuando cantábamos en el coro y el director, con ojos de odio, agudizava el oído, intentando localizar al causante del desafinado? Una bofetada indicaba el fin de las investigaciones. Te confesaré que yo entonces abría la boca y no proferia nota alguna por miedo. Ahora hago lo mismo." Retrato do Autor Por Ele Mesmo, de Alonso Ibarrola, in Histórias Para Burgueses.

Toda a gente tem direito a ser feliz, incluindo aqueles ou aquelas cuja estupidez, falta de consciência cívica e de talento tanta é, que se a ausência de qualquer coisa desse para fazer paredes, viveriam dentro de uma muralha dez vezes superior à da China, mas principalmente quantos apenas possuem por virtudes aquilo que qualquer pessoa sensata teria vergonha de confessar como defeitos... Todos. Agora que o queiram fazer à minha custa, ou causando-me prejuízos, directos – como no caso da subtracção de valores e autorias – ou indirectos, se falarmos de apoucamentos e denegrir de imagem, isso é que acho um bocado estranho, nem lhe estou pelos ajustes, e muito menos disposto a engolir para engordas de porcarias futuras.
Os burros e ignorantes não definem, não determinam nem orientam a actividade intelectual de ninguém, sejam eles funcionários das autarquias, amanuenses político-partidários, doutorandos de tasca, bestas de café montado ou pedreiros de abocanhar marsápios. A mediocridade não nivela nem é bitola para o quer que seja. E que fiquem definitivamente certos disso. Pois mais depressa irei ao cu a um morto, do que farei qualquer "linguado" por sua influência e direcção. Se as suas únicas habilitações literárias, ainda que tiradas com subornos e jantares aos engenheiros, são as cartas de condução, devem usá-las nas rectas de ir e vir para os pegões do seu sustento, e deixar em paz quantos se não pautam pela lavadura do seu pensamento, tal qual como o fazem os demais suínos do seu contentamento, idílio e companhia. Se porcos são, e apenas como isso podem pensar dos outros, então façam-no só sobre vocês próprios, que não deve ir o cesteiro além da cesta, nem o almocreve com melhor passo que sua besta.
Se não entendem alguns termos que uso, nem compreendem diversas ideias que explano, desde que essas palavras sejam pertença do léxico português, ou da lusofonia, e os conceitos elaborados logicamente e de acordo com as regras sintácticas e gramaticais, então o problema é exclusivamente vosso e espelha as vossas limitações, não as minhas. Pelo que se alguém tem modificar o seu linguajar e vocabulário sois vós, os que achais que devo escrever apenas com termos que conheceis, para vos não sentirdes tão burros como deveras e verdadeiramente sois. E se vos sentirdes inferiores por isso, então não esqueçais que até o mais pobre e humilde camponês sabe que não há fumo sem chama, e que talvez por uma vez na vida estejais certos: não valeis absolutamente nada e muito menos que qualquer outro a quem apelidais de maniento, sabichão e deficiente. Porque se nesta questão existe realmente alguém com deficiência, essa está muito longe de ser minha... Pertence-vos – e por inteiro!
Antigamente havia uma PIDE que censurava e sancionava, prendia e torturava, quantos melhor dissessem aquilo que o poder instituído mais temia. Faziam-no ao abrigo da lei, às claras, com anúncio prévio e sem a mínima vergonha. Eram honestos na sua vileza.
Do outro lado da cortina, os que "dissidissessem" do discurso oficial do Estado, eram igualmente calados, torturados e vilipendiados, e embora lhe fossem apontadas as razões inversas às da ditadura do Estado Novo, o que é certo é que o resultado e tratamento eram iguais. Como semelhante era a transparência e frontalidade com que o faziam.
Hoje, o salazarismo caiu e o muro de Berlim também, todavia a teletela do Big Brother ganhou sofisticação e dimensões tais, que onde antes eram tidas câmaras, objectivas de vigia e corporações de repressão e intimidamento, estão exactamente essas mentes e línguas brilhantes, sempre prontas a epitetar e desclassificar, violentar e difamar, todos quantos não façam, digam e usem somente os conceitos que lhes sejam acessíveis, não exijam raciocínio ou defendam as suas lavaduras e pocilga de procriação, orçamentalmente assistida. São os botas de elástico, ou de camurça, do nosso tempo, que batem os saltos como já em nenhuma quadra se ouvem os cascos, nem em alguma estação o bufar de caldeiras. Que reflectem com todos os órgãos do corpo, excepto com o cérebro, e pretendem nivelar pela sua ignorância todo o conhecimento alheio.
Ah, e a propósito, antes que me esqueça: escusam de impar com modernidade, que o vosso brioso e estremado intelecto, já era obsoleto em 1948, ano em que Orwell atirou às feras o seu 1984. Podiam lê-lo, para apurar o jeito ditatorial... E sempre teriam oportunidade de recordar as vossas almas, ver as fotografias dos vossos familiares, pastores, chefes, patriarcas e ídolos. Para variar.
É que o medo, está a deixar de ser a principal "fábrica" de playback da História nacional... e europeia!
Outra das diabólicas macaquices argumentativas que esses senhores e senhoras da tirania do mau gosto e pior pensado – Zés e Marias Ninguém há dezenas de anos afamados e caprichosamente definidos por Wilhelm Reich – costumam salientar, quando alguém lhes cospe na cara a areia que tentaram jogar-lhe aos olhos, é a acusação "racionalizada" de revolta. Querem fazer uma sacanice qualquer, mas pintam-na de bons e inocentes propósitos, contudo como não têm coragem para agirem sozinhos e precisam de um bode expiatório, alguém de quem se socorram para se justificarem perante terceiros, ou mesmo para dizerem que, caso a pantominice dê para o torto, a ideia nem era sua, mas do seu "aliado", então convocam essa pessoa, vitimizam-se, lamentam-se, comprometem-se e demonstram ser passíveis de absoluta confiança, até que consigam o que querem, e se não conseguem, dizem que somos uns revoltados. Isso: que não colaboramos com os seus propósitos porque estamos revoltados contra o que nos aconteceu e, sobretudo, não queremos dar a volta por cima.
Esporadicamente, inconformados com o aleijão que é o seu cérebro e a lavadura das suas emoções, acusam os que consigo não colaboram nem evidenciam qualquer apetência para petiscar dos seus favores, como responsáveis pela sua notória burridade, por mor de lhe não havermos explicado com paciência, termos acessíveis e repetidamente isto & aquilo, não só de sermos revoltados mas igualmente de uns radicais. Exactamente como se praticássemos um desporto perigoso para a sua maneira de estar na vida, que se caracteriza fundamentalmente numa cautela de grande prémio ao seu (auto)convencimento: só prestam para foder e nem isso sabem fazer!
Poderíamos ter pena de gente assim... Deveríamos lamentar a sua sina, sorte e destino. Mas isso era cair no seu jogo, na sua teia, na rede de matreirices, engordando as duas chagas sociais mais infecciosas do nosso tempo, que sem dúvida são a informação pink floyd – cor-de-rosismo ácido e biliar que corrói os fundamentos nucleares da democracia –, e a indústria da salvação, peculiarmente institucionalizada pelas religiões, máfias do corporativismo e da caridade, ordens e sindicatos sem deontologia, lares e ginásios parasitários da gerontologia, astrólogos e curandeiros vários, punheteiros do politicamente correcto e tratantes com autorização legal para roubar o erário público, a que, vulgarmente, se dá nome de funcionários da rés. A primeira deteriora e age sobre as consciências, mas a segunda destrói a economia e qualidade de vida do único habitat da humanidade: a Terra. Esta, a nossa, como qualquer outra ali ao lado, ou a que nos globaliza desde as navegações de 1500.
Aliás, é comum dizerem que devemos respeitá-los quando nos estão a faltar ao respeito, a violar a nossa dignidade, bom nome e integridade, porque acham que têm esse direito. Sobretudo o de fazer tudo aquilo que proíbem aos demais... E que são portugueses, para melhor nos surripiarem os capitais. Que são superiores aos artistas, mas afinal mal servem para lhes guardar as obras!

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