Informação Pink Floyd
2.
"Falam, falam e não dizem nada."
René Barjavel, in Os Caminhos de Katmandu
Quando o melindre é grande o pecado ainda é maior!
Efeminou o homem a pontos, que muitos, outras mulheres desmedidas são: entre o seu sim e o seu não, mal chega a caber uma asa de libelinha virgem saída da barrela pré nupcial. Quem o anunciou foi Cervantes, talvez para vingar-se dos desamores da sua Dulcineia, cuja sensibilidade era tanta como a de uma taberneira que acompanha as tropas reais a fim de os aliviar dos saques ou espólios de batalha, e outros espermas mais. Tendeira da soldadesca, ei-la incapaz de nutrir sentimentos sublimes, excepto se com isso puder comandar o general das tropas, ainda que para melhor o ter nas mãos tenha que desmamar todos os recrutas do aquartelamento que, sem dúvida, lhe elogiarão os dotes, atributos, manobras, capacidade de envergadura e à-vontade, ou desembaraço, no manuseio do ceptro do poder. Daí que diversos vejam a sua Dulcineia em qualquer Bruni, desde que esta lhe promova a masculinidade e suscite a inveja dos praças que assentaram arraiais no folclore da partidocracia, excelsamente considerada de democrata quando o seu partido está no poleiro. A novidade veio de França, como no tempo dos Eças e Ortigões, mas nem precisava disso, visto que ninguém se esqueceu do que uma Snu faz aos Sás, ainda que de borrego vestidos. Fenómenos a que o povo se sujeita para endireitar a direita...
Desta vez, o requinte chegou às primícias da governação francesa. Alguns jornalistas, sábios, fizeram do caso do casamento uma questão de Estado, e preferiram esquadrinhar a vida privada do mocinho e da mocinha do que saber como ele, e o seu governo, iam descalçar a bota da descida do poder de compra dos gauleses, inverter o descontentamento geral ou planificar o desenvolvimento da França (europeia). E tão sagazes foram na inquisitória conferência de imprensa, que conseguiram que os telejornais portugueses gastassem mais tempo de antena com os pormenores da achega nupcial do que com o anunciar das medidas políticas que deveriam ter sido, ou realmente foram, tomadas pelo executivo governamental francês. Acham eles que se pode dar à democracia o tratamento noticioso concedido aos reis e família real... Então, que estranheza é essa quando a realeza lhes pede para despejar o penico? Se do muito que viram na corte apenas se interessaram pela utilização dos vasos durante a noite? Porque não compreendem que há bastantes coisas que não compreendem e que, se são chamados à cavaqueira real, o que deveras é notícia, não é aquilo que vêem e ouvem, mas sim o quanto lhes escapa? Não se antevê bom resultado, de acordo com o progresso contínuo das tecnologias da comunicação e informação, aos jornais, televisões e rádios, que se conduzam no presente com pressupostos que, em si, eram já caducos e velhos no passado... Se os jornalistas europeus continuarem a encher a caldeirada francesa, então não vejo como conseguirão desenvencilhar-se e negar-se a esvaziá-lo quando lhe exigirem que o façam, ou substituam o bacio por outro barrete frígio!
Metam o cor-de-rosa onde quiserem, mas não nos tratem como panteras que viraram gatos de luxo, para adocicar a solidão das Dulcineias da nossa servidão, que a conseguirem algo, apenas conseguirão, isso sim, admoestar animais domésticos a ponto de sentirem saudades da selvajaria dos seus antepassados de rua. Até por que uma coisa é certa: é cada vez menor a sua legitimidade para auxiliar os povos na condução dos seus destinos. Além de perderem o crédito, qualquer gato fedorento, pode dizer deles, que falam, falam, mas não dizem nada.
Ou, se de ácido apenas têm derivados do ópio para nos vender, então preferiremos a música, que também nos aliena, mas não nos embrutece tanto!
(Fotografia de quadro de Filipa Brasão Antunes)
"Falam, falam e não dizem nada."
René Barjavel, in Os Caminhos de Katmandu
Quando o melindre é grande o pecado ainda é maior!
Efeminou o homem a pontos, que muitos, outras mulheres desmedidas são: entre o seu sim e o seu não, mal chega a caber uma asa de libelinha virgem saída da barrela pré nupcial. Quem o anunciou foi Cervantes, talvez para vingar-se dos desamores da sua Dulcineia, cuja sensibilidade era tanta como a de uma taberneira que acompanha as tropas reais a fim de os aliviar dos saques ou espólios de batalha, e outros espermas mais. Tendeira da soldadesca, ei-la incapaz de nutrir sentimentos sublimes, excepto se com isso puder comandar o general das tropas, ainda que para melhor o ter nas mãos tenha que desmamar todos os recrutas do aquartelamento que, sem dúvida, lhe elogiarão os dotes, atributos, manobras, capacidade de envergadura e à-vontade, ou desembaraço, no manuseio do ceptro do poder. Daí que diversos vejam a sua Dulcineia em qualquer Bruni, desde que esta lhe promova a masculinidade e suscite a inveja dos praças que assentaram arraiais no folclore da partidocracia, excelsamente considerada de democrata quando o seu partido está no poleiro. A novidade veio de França, como no tempo dos Eças e Ortigões, mas nem precisava disso, visto que ninguém se esqueceu do que uma Snu faz aos Sás, ainda que de borrego vestidos. Fenómenos a que o povo se sujeita para endireitar a direita...
Desta vez, o requinte chegou às primícias da governação francesa. Alguns jornalistas, sábios, fizeram do caso do casamento uma questão de Estado, e preferiram esquadrinhar a vida privada do mocinho e da mocinha do que saber como ele, e o seu governo, iam descalçar a bota da descida do poder de compra dos gauleses, inverter o descontentamento geral ou planificar o desenvolvimento da França (europeia). E tão sagazes foram na inquisitória conferência de imprensa, que conseguiram que os telejornais portugueses gastassem mais tempo de antena com os pormenores da achega nupcial do que com o anunciar das medidas políticas que deveriam ter sido, ou realmente foram, tomadas pelo executivo governamental francês. Acham eles que se pode dar à democracia o tratamento noticioso concedido aos reis e família real... Então, que estranheza é essa quando a realeza lhes pede para despejar o penico? Se do muito que viram na corte apenas se interessaram pela utilização dos vasos durante a noite? Porque não compreendem que há bastantes coisas que não compreendem e que, se são chamados à cavaqueira real, o que deveras é notícia, não é aquilo que vêem e ouvem, mas sim o quanto lhes escapa? Não se antevê bom resultado, de acordo com o progresso contínuo das tecnologias da comunicação e informação, aos jornais, televisões e rádios, que se conduzam no presente com pressupostos que, em si, eram já caducos e velhos no passado... Se os jornalistas europeus continuarem a encher a caldeirada francesa, então não vejo como conseguirão desenvencilhar-se e negar-se a esvaziá-lo quando lhe exigirem que o façam, ou substituam o bacio por outro barrete frígio!
Metam o cor-de-rosa onde quiserem, mas não nos tratem como panteras que viraram gatos de luxo, para adocicar a solidão das Dulcineias da nossa servidão, que a conseguirem algo, apenas conseguirão, isso sim, admoestar animais domésticos a ponto de sentirem saudades da selvajaria dos seus antepassados de rua. Até por que uma coisa é certa: é cada vez menor a sua legitimidade para auxiliar os povos na condução dos seus destinos. Além de perderem o crédito, qualquer gato fedorento, pode dizer deles, que falam, falam, mas não dizem nada.
Ou, se de ácido apenas têm derivados do ópio para nos vender, então preferiremos a música, que também nos aliena, mas não nos embrutece tanto!
(Fotografia de quadro de Filipa Brasão Antunes)
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