Petrarca Reincidente
“ Assim tinham adormecido: o olhar dele estava fixo nos lírios. Flores que ele lhe tinha comprado a um vendedor de rua no dia antes de aquilo ter acontecido – a purificação das sepulturas. Na semana passada tinham sido as rosas. Rosas vermelhas, enroladas como guarda-chuvas; as rosas têm o cheiro do sexo, disse ela, os lírios têm a forma: ele descobria todas essas delícias enquanto estava com ela. Aproximaram-se um do outro, sob sentidos amplificados .” In A História de Meu Filho , de Nadine Gordimer, tradução de Ana Patrão Q uando Shara decide algo sobre mim, não há meio de contornar a questão nem desobedecer-lhe. Ela diz que não é obediência, sequer fidelidade, vassalagem, mas a sensatez que afluiu para reparar os danos da minha obtusidade (momentânea). Não o creio, deveras. E sinceramente; todavia, nunca lho disse abertamente, talvez por temer a contra-argumentação que lhe advirá. Aliás, a experiência recente aconselha-me prudência e tino, caso não queira ver-me espoliado, além dos