Males de uma idade maior... Ou crise de crescimento?


O Regozijo Nacional

"Os males da idade são postes de sinalização e não destino."
L. Kronenberger

Fico muito contente por saber que os melhores de entre todos nós não valem um pataco, havendo mesmo quem não sequer dê três vinténs por eles. E ninguém me tira da ideia que a pegada social de cada homem há de abranger muito para além de seus filhos e netos, porquanto também comporta a sua pegada ecológica e da sua família, durante bastante tempo depois de morrer e ela se extinguir, deveras contundente na violação das fronteiras e limites, sejam temporais como no espaço, indubitavelmente inerentes ao grupo, comunidade ou povo a que pertence. O nosso está de parabéns. Temos uma nata a toda a prova, incluindo a de sensatez. Ora vamos lá ver: o que prejudica ou não ajuda absolutamente nada este país, não são as conjeturas e alvitres sobre o possível pedido de auxílio à Europa (FEE) ou ao FMI, deste ou daquele civil mais ou menos magoado, e ressentido, com os desmandos da governação, e o estado precário e insustentável da nossa situação geral, é sim a falta de ações concretas e eficazes da parte do Estado e do governo para contrariar a atual situação económica, cultural, social, política e financeira. Esse é que é o maior e mais prejudicial défice de todos... E esse também sabemos todos nós muito bem onde nasceu e quem o fomenta!
Das agruras recentes e da qualificação deste ou daquele candidato, não restam agora as menores dúvidas que quem muito se cala não é só por lhe faltar argumento credível, é para não se comprometer ainda mais do que já se sente estar, receando dizer algo que prejudique ainda mais a sua defesa do que o ficar calado defenderia. Nem sequer é tabu, como aconteceu noutras circunstâncias. E se de estratégia se tratar, então bateu com os burrinhos na lama, uma vez que dia a dia, está a perder notoriamente as vantagens competitivas que o desempenho anterior do cargo lhe conferiu. Os portugueses, daqueles cuja filosofia era o comer e calar, que ovelha que berra é bocado que perde, já restam muito poucos, e desses, e nesses, o descrédito nos políticos e na política, para além das dificuldades de locomoção, a carestia de vida, agravamento das condições de saúde, a abstenção sobe em acelerado contínuo, na razão diretamente inversa ao seu descontentamento e perda de fé. Estão a ficar-se aos magotes como S. Tomé, querem ver para crer, ouvir para acreditar, e do silêncio gritante que ecoa nos seus aparelhos multimédia apenas soçobra o ruído das dificuldades crescentes no quotidiano.
Ninguém perde dúvidas com faltas de esclarecimentos, e aquela arrogância de que foram acusados alguns outros, nomeadamente o candidato à esquerda melhor posicionado, está a assentar como luva através do quem cala consente que acoita todos os desmandos, desde os menores aos mais graves. Em democracia não quem esteja inquestionavelmente acima de qualquer fato, e os fatos que perduram são sempre aqueles que não foram debatidos, escamoteados e esclarecidos. Mandar as pessoas que nem sequer sabem usar com presteza o telemóvel, para ligar aos filhos e netos, consultar o site na internet, e dizer-lhes cara a cara que não conta com eles e prescinde dos seus votos, pois que a única maneira plausível de se manterem informados é ouvir nas rádios e verem nas televisões, aonde esse tipo de informação foi sonegado.
Portanto, se acontecer alguma surpresa, não venham depois com modas de apelidar o povo de ingrato, que para pagar na mesma moeda é que ainda vai rebuscando no fundo dos bolsos os raros níqueis trocados, pois que quando faz perguntas e não ouve respostas, já não acredita logo que está a ficar velho e duro de ouvido, mas antes sim conclui que anda alguém a tentar fazer-lhe o ninho detrás da orelha – outra vez!

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