Finalmente, além da famigerada crise, Portugal acompanha a Europa em qualquer coisa que, sendo supostamente uma constatação boa virará arrelia, isto é, na tendência de envelhecimento com sucesso garantido, quer pelo escore da baixa fecundidade como pelo aumento da longevidade, porquanto os seniores com mais de oitenta anos, espécimen rara nos meados do século passado, passarão a ser uma das maiores minorias na sociedade portuguesa, o que sem dúvida lhe facilitará a formação de um lobby poderoso, contando com mais de 450 mil recenseados em causa própria, mas cujo número deverá triplicar até 2060, altura em que se prevê serem uma parcela de 13% da população, o que resultará, evidentemente, na banalização e perda de comoção – portanto um considerável decréscimo na lamechice saloia e pacóvia do Zé-Povinho –, o facto de pessoas como José Saramago, Mário Soares, Eunice Muñoz, Manoel de Oliveira, José Hermano Saraiva, Ruy de Carvalho, Nella Maissa, Júlio Resende, Almeida Santos, Maria Barr...