Camisola Nova Para Enredos Velhos
"O filme é uma música que chega até nós através da vista."
Élie Faure
Sim, desta vez é que eu mudo para a social democracia, porque agora sim tenho um partido onde posso ser eleito para depois governar sem oposição interna (e externa), o que é um verdadeiro filão de boas ideias para implantar a ditadura com que sempre sonhei, tornar-me o salvador da minha espécie e ídolo garantido das demais, mesmo da pátria (dissolvente), se a tanto vierem a mim os bravos de antanho rejuvenescidos, sim, cantando e rindo, levados pela bruma no nevoeiro da memória.
Porque o que de melhor e mais atractivo tem a nossa democracia, são estas mudanças de alterne que nos facultam os seus partidos, porquanto um deles, e dos maiores, consegue ser tudo quanto há nos compêndios de história – e de anatomia do Estado – ao mesmo tempo, o PSD, que na Assembleia da República é anarquista, abstendo-se frequentemente na votação dos itens fundamentais à governância, estalinista no Congresso onde aprova regras sintomáticas de amputação da liberdade de expressão, criando de si uma espécie de Estado dentro do Estado (Mafia), cujos estatutos não contemplam a Constituição da República nem se lhe sujeitam, no parlamento europeu em que é democrático e denuncia a falta de liberdade de imprensa nacional, no poder local onde ostraciza quem não usa na lapela o seu distintivo, coloca nas televisões e demais órgãos de comunicação os seus comentadores com pronunciada quota na bolsa das audiências, como se fossem produtos de mercado com marca registada, é revolucionário nas lutas sindicais e de classe profissional, sendo o principal agitador nas contendas entre profs e ministério da educação, veste a opa de sacristia na oposição aos casamentos entre pessoas do mesmo género e aplaude o Papa de velinha em punho e desfile (procissão) a favor dos desfavorecidos, das crianças que satisfizeram a santificada líbido dos dez clérigos portugueses entre 2003 e 2007, dos quais seis em 2007, que foram os que a Santa Madre Igreja não conseguiu desmentir e, portanto, não teve outro remédio senão assumir, deixando a ênfase para o facto de serem provavelmente muitos mais, mas que os seviciados não tiveram coragem de denunciar, por não haver como provar onde e como sofreram esses abusos, ou serem de tão boas famílias que o comer e calar é sempre preferível ao vir-se a saber entre os vizinhos e compadres.
Ora, o filme é o seguinte: se o Convento pôs o carrilhão a badalar a instância da regra que obsta à crítica, então vai daí, eu vou inscrever-me como militante no PSD, pagar as quotas, coisa e tal, pois a profissão de político é de carreira segura, nada de precariedade nem "lay-offs", garantindo a postura e o singrar na vida, porquanto sempre se podem fazer as asneiras que se fizerem, desde que isso suceda durante o período de defeso à crítica, ninguém porá a boca no trombone nem vaiará a lide dos contratados e eleitos na peluda de mandato, podendo cada um guardar para o fim a mariolice maior, abotoamento ou dissipação que sejam, que se antes das eleições não se pode falar depois delas muito menos vale a pena fazê-lo. O que é música para os meus ouvidos, reconhecida invariavelmente por toda a assistência, cansada claro está, de lhe andarem constantemente a mostrar como, onde e por quem foram enganadas e enganados (os votantes) nas eleições anteriores.
Estão a ver o filme? Depois venham cá com essa de me acusarem de eu andar sempre a mudar de camisa, a ver se não lhes respondo, que é bem preferível isso, que andar de roupa suja, a meter nojo aos demais, como muitos por aí andam fazendo... Venham, venham, que cá os espero, para vos brindar com um andar novo, enquanto o Chaplin esfrega um olho no dez pràs duas que a encomendinha demora!
Élie Faure
Sim, desta vez é que eu mudo para a social democracia, porque agora sim tenho um partido onde posso ser eleito para depois governar sem oposição interna (e externa), o que é um verdadeiro filão de boas ideias para implantar a ditadura com que sempre sonhei, tornar-me o salvador da minha espécie e ídolo garantido das demais, mesmo da pátria (dissolvente), se a tanto vierem a mim os bravos de antanho rejuvenescidos, sim, cantando e rindo, levados pela bruma no nevoeiro da memória.
Porque o que de melhor e mais atractivo tem a nossa democracia, são estas mudanças de alterne que nos facultam os seus partidos, porquanto um deles, e dos maiores, consegue ser tudo quanto há nos compêndios de história – e de anatomia do Estado – ao mesmo tempo, o PSD, que na Assembleia da República é anarquista, abstendo-se frequentemente na votação dos itens fundamentais à governância, estalinista no Congresso onde aprova regras sintomáticas de amputação da liberdade de expressão, criando de si uma espécie de Estado dentro do Estado (Mafia), cujos estatutos não contemplam a Constituição da República nem se lhe sujeitam, no parlamento europeu em que é democrático e denuncia a falta de liberdade de imprensa nacional, no poder local onde ostraciza quem não usa na lapela o seu distintivo, coloca nas televisões e demais órgãos de comunicação os seus comentadores com pronunciada quota na bolsa das audiências, como se fossem produtos de mercado com marca registada, é revolucionário nas lutas sindicais e de classe profissional, sendo o principal agitador nas contendas entre profs e ministério da educação, veste a opa de sacristia na oposição aos casamentos entre pessoas do mesmo género e aplaude o Papa de velinha em punho e desfile (procissão) a favor dos desfavorecidos, das crianças que satisfizeram a santificada líbido dos dez clérigos portugueses entre 2003 e 2007, dos quais seis em 2007, que foram os que a Santa Madre Igreja não conseguiu desmentir e, portanto, não teve outro remédio senão assumir, deixando a ênfase para o facto de serem provavelmente muitos mais, mas que os seviciados não tiveram coragem de denunciar, por não haver como provar onde e como sofreram esses abusos, ou serem de tão boas famílias que o comer e calar é sempre preferível ao vir-se a saber entre os vizinhos e compadres.
Ora, o filme é o seguinte: se o Convento pôs o carrilhão a badalar a instância da regra que obsta à crítica, então vai daí, eu vou inscrever-me como militante no PSD, pagar as quotas, coisa e tal, pois a profissão de político é de carreira segura, nada de precariedade nem "lay-offs", garantindo a postura e o singrar na vida, porquanto sempre se podem fazer as asneiras que se fizerem, desde que isso suceda durante o período de defeso à crítica, ninguém porá a boca no trombone nem vaiará a lide dos contratados e eleitos na peluda de mandato, podendo cada um guardar para o fim a mariolice maior, abotoamento ou dissipação que sejam, que se antes das eleições não se pode falar depois delas muito menos vale a pena fazê-lo. O que é música para os meus ouvidos, reconhecida invariavelmente por toda a assistência, cansada claro está, de lhe andarem constantemente a mostrar como, onde e por quem foram enganadas e enganados (os votantes) nas eleições anteriores.
Estão a ver o filme? Depois venham cá com essa de me acusarem de eu andar sempre a mudar de camisa, a ver se não lhes respondo, que é bem preferível isso, que andar de roupa suja, a meter nojo aos demais, como muitos por aí andam fazendo... Venham, venham, que cá os espero, para vos brindar com um andar novo, enquanto o Chaplin esfrega um olho no dez pràs duas que a encomendinha demora!
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