Certidão de renascimento
Certidão de renascimento Deve haver uma lenda, um fado, um mito Onde esteja o nosso destino traçado... É que ao olhar-te, ao ver-te acredito Que temos o futuro escrito No mais recôndito passado. Continuo, depois destes anos todos Como desde a Escola me acontecia, A perder os sentidos, a sensatez, os modos Mal te vejo, ou vendo-te, fatalmente em ti me perdia. Perdia a noção do real, e da fantasia; Perdia o pé, o equilíbrio, a certeza do gesto; Perdia a luz, tanto a da noite como a do dia, Enfim, então tudo perdia, só não perdia tudo o resto. E não perdia este prazer que tenho de sonhar Tudo, tudo trocar, nada sentir como meu Excepto o secreto pressentir que é o teu olhar O selo, o anel real, aquele que valida (a realidade) E dá garantia de verdade – e vida A todo o universo: terra, mar, sangue e céu! Daí que quando assim, nada deseje então Senão o que há em mim Quando te nomeio dentro do mito Que me arrebata e penetra como grito De sonho nascido em ter-te no coração, Tão dentro, que te