Presente

PRESENTE

Que é isso de a gente
Estar à porta do tempo
Com um pé fora e outro dentro,
Trajados no rigor descendente,
Com a certeza que o passo não nos pertence?

Não há prosas vãs, rimas falhadas,
Quando os momentos são directos
Em que todas as noites são resultadas
Do acontecerem dias completos,
Na surpresa graça do que soído fora.

Que o amanhã é um ontem que vigora,
Embora haja quem lhe chame futuro sustentado
No humano designo de um soneto inacabado
Ou daquilo que eu, rústico e tosco, nomeio apenas por agora!

PEDAGOGIA

Tu, és filha de um ano lectivo.
Nasceste quando as aulas começam,
Foste feita nas férias do Carnaval...

E anseias por que terminem
Para te estenderes no areal!

Crónicas (In)divisas
Por Joaquim Castanho
osverdes.ptg@gmail.com

Já ninguém duvida por método mas por necessidade e sobrevivência...

A César o que é de César. A Deus o que é de Deus. Ao Estado o que é de todos.

Não obstante o Ministério da Ciência ter garantido recentemente que o Reactor (Nuclear) Português de Investigação, a funcionar em Sacavém, estar devidamente licenciado, o que é certo, é que de acordo com informações veiculadas pelo Ministério/Instituto do Ambiente, este reactor continua como estava há décadas: sem licenciamento.

Os factos são o que são; são factos – e nada pode ser uma coisa e simultaneamente a sua contrária. Em filosofia diz-se que o que é, é. Em política, se é de sensatez, persegue-se esta lógica para incentivar à descoberta da verdade, a fim do que a democracia possa surgir à tona das problemáticas, livre de transgénicos sentidos, limpa de dogmatismos, escanhoada de propagandas falaciosas.

Portanto, além da dúvida e da controvérsia, do diálogo que superintende as negociações, outras interrogações nos acometem de não menos pertinácia: Como é? Que sucedeu, ou que sucede, para que o não licenciamento do reactor nuclear se tenha escondido durante tanto tempo? Porque estamos nós, portugueses, a fazer aquilo que combatemos noutras pátrias? É receio de sermos invadidos como o Irão?...

Houve algum aconselhamento nesse sentido da parte dos Institutos do Ambiente e dos Resíduos? Que resíduos radioactivos produziu até hoje e o que tem feito o Instituto Tecnológico Nuclear para os acondicionar ou eliminar? Se não sabemos sequer que destino lhe tem sido dado, como aliás sucede com os resíduos hospitalares nucleares, como podemos estar confiantes acerca das condições do seu acondicionamento ou uso para que foram reencaminhados? Quem o faz e como se faz, com que regularidade, quantas amostras foram recolhidas e analisadas, no capítulo da monitorização ambiental de grau de radioactividade, conforme o regulado no DL 138/2005? Estamos bem em Portugal ou convém emigrar para o algures patagónico a fim de salvarmos a estirpe dos Viriatos? Este era o único segredo que nos reservavam sob a perspicácia do interesse de Estado e bem público ou têm mais alguns na manga? Se sim, quantos, e com que nível de gravidade para o nosso futuro e dos nossos descendentes? Por quanto tempo mais vão continuar a brincar com a segurança dos contribuintes que lhe pagam os salários para lhe defenderem a vida mas a quem têm sonegado informações essenciais sobre matérias tão perigosas como os resíduos nucleares, que podem afectar directa e indirectamente o seu bem-estar, qualidade de vida, saúde e ambiente? É precisamente a isso que se referem quando nomeiam a necessidade de aprofundar a democracia e implementar a cidadania, aumentar a participação democrática, melhorar os níveis de envolvimento e responsabilidade cívica do povo português?

É?... Então, obrigado pelo exemplo!

Ou, se calhar, perdeu-se o dicionário que tínhamos e já nenhum dos sinónimos tidos para palavras tão simples como civismo, pluralidade, igualdade, solidariedade, fraternidade, frontalidade, é o mesmo que descobrimos nos bancos da escola... Se calhar!

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