Sim, eu mudo de canal. E você?
Eu reconheço que o teu partido, ou corporação de interesses, seja deveras muito maior que o meu, quer em financiamento, quer em número de votos, todavia lembro que essa treta das quantidades, das estatísticas e das audiências, é tal e qual como o levar no cu: é que não é lá por haver muita a gente que se lhe tenha habituado, e até goste, que isso o torna numa coisa boa!
Porém, das marceladas à sol-expresso há tanto para dizer, que o melhor mesmo é ficar calado... Tão autistas quão obsoletas, típicas da boutade dos calçõezinhos da mocidade-legião portuguesas, numa expressão pseudo-académica do saudosismo enraizadamente camiliano, de quem fala muito mas pouco acerta, invariavelmente nascidas e eivadas da corrente retórica cimentada ou assente na lógica do medo, da adivinhação magnífica das consequências de factos, leis e políticas para esconder, para iludir, quanto se desconhece aquilo que a "coisa em causa" realmente é, caldo cultural característico da infecção cognitiva, onde se geram habitualmente conclusões que não concluem absolutamente nada, porquanto são sempre as mesmas e já eram sabidas antes do processo dedutivo se iniciar, e que, aliás, exactamente por isso enferma das exemplares lucidez e objectividade comum aos preconceitos, à percepção motivada e ao rigor das teorias falhadas, nascidas da fé criancista de que se for repetido exaustiva e intensamente algo errado como certo, ele passará então a sê-lo, atitude vulgar aos prodígios predestinados à reinação por não destrinça entre interesse pessoal e interesse nacional, sentimento patriótico em tudo semelhante ao do indivíduo que surripia o banco do jardim, ou passeio público, para o colocar no seu quintal, visto que se este era um bem de todos, logo também era seu, e aquilo que é seu deve ser estimado e cuidado, além de posto a recato, ou acautelado de susceptíveis vandalismos e desleixes de manutenção, justificando o apropriar-se de um bem colectivo para melhor preservá-lo e conservá-lo, ficando assim disponível para o usufruto pessoal conformes o seu bel-prazer e utilidade, na tentativa de demonstrar que confiscar é tão legítimo, e desejável em sociedade, como fiscalizar, senão muito mais, uma vez que evita gastos e despesas nessa fiscalização que seriam bastante superiores ao preço de custo do bem. Genial, diremos, apenas comparáveis, em calibre, à classe de petas usuais na jurisprudência do a torto e a direito do xicoespertismo, onde qualquer fim vale mais que todos os meios, e a melhor conclusão é também a melhor espelha a confusão de processos e de causas, suportada pela indiferença generalizada com que todos mudamos de canal ou aproveitamos a altura para ir ao WC, deitar os putos, fazer um cafezinho, levantar a mesa do jantar, lavar os dentes, dar de comer ao gato, tudo coisinhas atraentes que nos entretêm e deveras nos desobrigam de escrever, ou enviar um e-mail, ao Provedor, lembrando-o de que a estação televisiva em causa é uma estação pública que sobrevive a expensas do erário e dos impostos de todos, e que é muito feio andar a desbaratar o dinheiro dos contribuintes, o tempo de antena e a paciência dos telespectadores financiando barragens no rio dos chorrilhos e da asneira, embora que vociferados na morna pacatez duma enxertia eclética entre o azulinho engomado das fatiotas de ver a deus, e os cortes self made woman de quem anda a par das notícias. O que, no mínimo, não só denota haver falta de assunto para matar o buraquinho de tempo livre na programação, como uma tentativa de premiar os melhores exemplos do uso da nacionalidade como estratégia para a apropriação do alheio.
Em resumo, sim, eu mudo de canal, e desconfio que se ainda sinto algum orgulho em ser português, ele resulta precisamente dessa oportunidade que os Ombudsman nunca conseguirão impedir-nos, comprovando assim que o superior interesse nacional que defendem e facultam, não reside naquilo que dizem e esclarecem, mas sim no quanto ainda são incapazes de fazer para nos obrigarem a manter-nos no canal que mais nos massacra (e ofende). E por tudo isso, o meu sincero obrigado!
(Mas atenção: isto não significa que as marceladas do Vitorino sejam preferíveis às do original, porquanto as deste apenas evidenciam que o seu autor lê extraordinariamente menos, nada ou quase nada, a bem dizer, embora o faça com menor retouça e superior concentração...)
Porém, das marceladas à sol-expresso há tanto para dizer, que o melhor mesmo é ficar calado... Tão autistas quão obsoletas, típicas da boutade dos calçõezinhos da mocidade-legião portuguesas, numa expressão pseudo-académica do saudosismo enraizadamente camiliano, de quem fala muito mas pouco acerta, invariavelmente nascidas e eivadas da corrente retórica cimentada ou assente na lógica do medo, da adivinhação magnífica das consequências de factos, leis e políticas para esconder, para iludir, quanto se desconhece aquilo que a "coisa em causa" realmente é, caldo cultural característico da infecção cognitiva, onde se geram habitualmente conclusões que não concluem absolutamente nada, porquanto são sempre as mesmas e já eram sabidas antes do processo dedutivo se iniciar, e que, aliás, exactamente por isso enferma das exemplares lucidez e objectividade comum aos preconceitos, à percepção motivada e ao rigor das teorias falhadas, nascidas da fé criancista de que se for repetido exaustiva e intensamente algo errado como certo, ele passará então a sê-lo, atitude vulgar aos prodígios predestinados à reinação por não destrinça entre interesse pessoal e interesse nacional, sentimento patriótico em tudo semelhante ao do indivíduo que surripia o banco do jardim, ou passeio público, para o colocar no seu quintal, visto que se este era um bem de todos, logo também era seu, e aquilo que é seu deve ser estimado e cuidado, além de posto a recato, ou acautelado de susceptíveis vandalismos e desleixes de manutenção, justificando o apropriar-se de um bem colectivo para melhor preservá-lo e conservá-lo, ficando assim disponível para o usufruto pessoal conformes o seu bel-prazer e utilidade, na tentativa de demonstrar que confiscar é tão legítimo, e desejável em sociedade, como fiscalizar, senão muito mais, uma vez que evita gastos e despesas nessa fiscalização que seriam bastante superiores ao preço de custo do bem. Genial, diremos, apenas comparáveis, em calibre, à classe de petas usuais na jurisprudência do a torto e a direito do xicoespertismo, onde qualquer fim vale mais que todos os meios, e a melhor conclusão é também a melhor espelha a confusão de processos e de causas, suportada pela indiferença generalizada com que todos mudamos de canal ou aproveitamos a altura para ir ao WC, deitar os putos, fazer um cafezinho, levantar a mesa do jantar, lavar os dentes, dar de comer ao gato, tudo coisinhas atraentes que nos entretêm e deveras nos desobrigam de escrever, ou enviar um e-mail, ao Provedor, lembrando-o de que a estação televisiva em causa é uma estação pública que sobrevive a expensas do erário e dos impostos de todos, e que é muito feio andar a desbaratar o dinheiro dos contribuintes, o tempo de antena e a paciência dos telespectadores financiando barragens no rio dos chorrilhos e da asneira, embora que vociferados na morna pacatez duma enxertia eclética entre o azulinho engomado das fatiotas de ver a deus, e os cortes self made woman de quem anda a par das notícias. O que, no mínimo, não só denota haver falta de assunto para matar o buraquinho de tempo livre na programação, como uma tentativa de premiar os melhores exemplos do uso da nacionalidade como estratégia para a apropriação do alheio.
Em resumo, sim, eu mudo de canal, e desconfio que se ainda sinto algum orgulho em ser português, ele resulta precisamente dessa oportunidade que os Ombudsman nunca conseguirão impedir-nos, comprovando assim que o superior interesse nacional que defendem e facultam, não reside naquilo que dizem e esclarecem, mas sim no quanto ainda são incapazes de fazer para nos obrigarem a manter-nos no canal que mais nos massacra (e ofende). E por tudo isso, o meu sincero obrigado!
(Mas atenção: isto não significa que as marceladas do Vitorino sejam preferíveis às do original, porquanto as deste apenas evidenciam que o seu autor lê extraordinariamente menos, nada ou quase nada, a bem dizer, embora o faça com menor retouça e superior concentração...)
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