EXIGIR
FATURA É COMBATER A CRISE E AJUDAR A PAGAR A DÍVIDA
O que
os alemães sabem acerca de nós e a troika não desconhece, é que se os
portugueses quiserem saldar a dívida e cumprir com as suas obrigações podem
fazê-lo, sem recorrer a austeridade excessiva nem aos atos sobre-humanos de que
falou o Luís Vaz (de Camões), mais do que permite a força humana: basta que não
contornem o fisco, se abstenham do mercado paralelo e instituam a honestidade e
o civismo como normas de conduta diária. Que implementem a cultura da cidadania
e da responsabilidade cívica. É pedir muito? Sobretudo depois de ter passado
duas ou três décadas a fazer asneiras com o dinheiro “nacional”, a esbanjar por
motivos eleitoralistas, a ser refém dum economicismo atávico e obreiro de
inutilidades megalómanas? Penso que não. E todos e todas reconhecerão
facilmente como de fato assim é. Ou, para evitar mal-entendidos gerados pelo
acordo ortográfico, a que insistem resistir como se dum teste à próstata se
tratasse, reiterarei que «todos e todas facilmente reconhecerão que de facto
assim é.»
E as
nossas “faturinhas” têm que entrar para o nosso processo fiscal, logo
identificadas com o nosso número de contribuinte, e estar registadas no site
e-fatura do Portal das Finanças, que deve ser atualizado continuamente, tendo
cada qual a obrigação de verificar lá a sua presença e de chamar a atenção da
autoridade tributária, num prazo razoável, coisa de dois ou três mezinhos, de
que a empresa X ou Y, a quem nós comprámos isto ou aquilo, “ainda” não lhes
enviou as ditas. Custa muito ajudar para que o nosso país nos ajude a melhorar
de vida e estabelecer um crescimento sustentável? Melhore a sua performance
fiscal e tributária? Custa muito não só fazer meninos e meninas mas também
preparar-lhes um mundo coeso, seguro, honesto e saudável em que se possam
também reproduzir? Claro que não custa, nem para os mais vadios, “subeficientes”
e adoentados. Portanto… Acabem lá com as modas, que ser humano, participativo, democrático,
simultaneamente europeu e português, exercer uma cidadania ativa e envolvida,
não é nenhuma excentricidade nem handicap.
Gostar
ou não dos partidos que estão no governo, não é desculpa para nada,
principalmente para prejudicar os demais que, como nós mesmos e os nossos
vizinhos e vizinhas, todos os dias dão no duro para garantir a sua independência
e sustento. A responsabilidade cívica não é um dever só para os outros e
outras. E a liberdade sem ela, sem a responsabilidade cívica, não é nenhuma
modernice intelectualóide nem um radicalismo esquerdista ou acrático: é uma
sacanagem simiesca. Além do que as despesas gerais
familiares, de saúde, na educação, os encargos com imóveis e despesas com lares
de 3.ª idade, bem como as faturas relativas às aquisições nos setores de
atividade de alojamento e restauração, cabeleireiros e reparação automóvel e de
motociclos e da habilitação ao sorteio Fatura da Sorte, são
benefícios consagrados pela recentemente entrada em vigor informatização da
fiscalidade e atividade económica.
E o
fato de recebermos pouco, idem. Quem aufere um rendimento inferior, não
significa que deve ficar à margem da ética e do civismo, mas antes demonstrar
que está preparado para receber mais, e que se o recebesse cumpriria as suas
obrigações fiscais com aprumo e galhardia, no respeito pelos demais e as regras
da sociedade. As pessoas não se medem pelo que têm mas pelas atitudes que
tomam. Nem pela aparência física, mas sim pelo comportamento e prática
quotidiana na consideração e empatia de que são capazes pelos seus semelhantes.
Estamos todos no mesmo barco, e todos podem fazer a sua parte para continuar a
navegação. Quem tem muito contribui com muito, e quem tem pouco contribui com
pouco ou mesmo com nada. E, como diz o povo, quem dá o que tem, a mais não é
obrigado.
Estamos
a mudar de era, e a do chicoespertismo trapaceiro do biscate e manhosice
egoísta já se foi.
Joaquim
Castanho
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