Já no roxo ambiente branqueado, As prenhes velas da troiana frota Entre as vagas azuis do mar dourado Sobre as asas dos ventos se escondiam. A misérrima Dido Pelos paços reais vaga ululando (1) C’os turvos olhos inda em vão procura O fugitivo Eneas. Só ermas as ruas, só desertas praças A recente Cartago lhe apresenta. Com medonho fragor, na praia nua, Fremem de noite as solitárias ondas; E nas douradas grimpas (2) Das cúpulas soberbas Piam noturnas, agoureiras aves. Do marmóreo sepulcro, Atónita imagina Que mil vezes ouviu as frias cinzas Do defunto Siqueu, com débeis vozes, Suspirando chamar: -- Elisa! Elisa! (3) D’Orco (4) aos tremendos numens Sacrifícios prepara; Mas viu, esmorecida, Em torno dos turícremos (5) altares Negra escuma ferver nas ricas taças, E o derramado vinho Em pélagos de sangue converter-se. Frenética delira, Pálido o rosto lindo, A madeixa subtil desentrançada; Já com trémulo pé entra sem tino No ditoso aposento, Onde do infido amante Ouviu, enternecida, Magoados
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