SE NÃO CHOVER VAI ESTAR UM LINDO DIA




SE NÃO CHOVER VAI ESTAR UM LINDO DIA 

Me decorrem do sangue as veias
Em marés de estro e luas cheias, 
Da raiz à sombra com que devora
Toda a luz – fulgor intransigente...
É o inverno que parte se o verão 
– Truz-truz – lhe bate à porta
Perguntando se há gente. 

Mas na casa do tempo nasceu Senão
Para quem a esperança é letra morta
E que, embora não desejado, 
Escancar'as folhas descuidado
Para o anfitrião que nunca esgota. 
– Truz-truz – é o verão a bater; 
Mas Senão não vai responder.  

Que o tempo ora perdido ora
Preenchido se ora também pede; 
E mesmo se o atiramos fora 
É sempre um Zenão que nos mede. 

Joaquim Castanho  

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