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Os Novos Considerandos de Uma Lei Que Nos Desconsidera Consideravelmente



Este tempo não é, garantidamente, o mesmo tempo em que os ditos revolucionários de então convulsionaram o mundo e romperam as amarras do seu tempo: é outro, e os que agora lutam são igualmente outros, batem-se por outros valores e conquistas, bem como assumem as suas responsabilidades diferentemente porquanto a motivação e objetivos almejados têm muito pouco dos da década de setenta do século passado.
Há também quem suponha que as amarras de que se libertou estão definitivamente submersas sob os plafons (virtuais) da derrota, nomeadamente nos decretados pela Troika(:carestia, perda de poder de compra e sobrecarga nas contribuições, subida das taxas de juro, inflação e desemprego agravados, redução do Estado e consequente Reforma Administrativa), o que é outra descarada mentira, bem-intencionada certamente, todavia não o estão, mas sim alteradas noutras estirpes, quais bactérias e vírus sociais que ganharam novos formatos e requintadas modalidades, subtilezas de género e influências de meio que as encapotam e a dissimulam sob a capa dos politicamente corretos como das coisas que é feio ou fica mal abordar. Aliás, os nossos pepinos foram sempre venenosos, porque a democracia em Portugal nunca foi democrática (qual pepino de digestão difícil), a não ser para a algazarra da propaganda ou como reivindicação para atingir o poder e depois fazerem o que lhes desse na gana, tipo Maio dos pequeninos num 1926 de se lhe tirar o chapéu, a capa e a carteira. Ainda me lembro do quanto me diziam os mais velhos sobre as saladas do dito cujo, que afirmavam só ser bom depois de lavado em sete águas e atirado de seguida para o caldeiro dos porcos…
A maior parte dos jovens estão inegavelmente encalacrados pela educação que receberam, pela formação que lhes foi impingida, pelas expectativas que as gerações dos progenitores neles depositou e pelas condições político-económicas que lhes obstaculiza o futuro, e lhes indica a acomodação ao seio familiar como opção segura de continuar a sobreviver. Os mais velhos sabem isso, mas regozijam-se com a constatação vingando-se pela muita idade que os coloca em desvantagem competitiva, pelo abandono votado e pelo pouco caso que lhe fazem acerca dos reparos e ordens.
Ora, considerando que a maioria dos que estão mal não querem fazer absolutamente nada para melhorar a sua condição e os que estão bem se preparam para ficar ainda consideravelmente melhor, à custa dos votos em branco e nulos dos à rasca, não nos resta alternativa senão concluir que neste país só a mentira vinga porque ninguém quer ver a verdade.
E qual é ela?

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