Carreiras Sem Transportes


Estatuto da Carreira Docente
Decisão Negociada ou Discutida?
Maria da Conceição Castro Ramos
256 Páginas

Na evolução da sociedade, que após a Revolução Industrial já fez diversas (trocas) mudanças de camisa, tal como da sociedade de produção se transformou em sociedade de consumo, de sociedade de consumo em sociedade de comunicação, de comunicação em informação, e agora, depois da passagem ao novo milénio e ao século XXI, estamos à beira doutra vernissage, uma vez que se avizinha (sob croquis) a sociedade da cidadania, que irá estabelecer uma nova ordem de valores, além de um novo – e desejável – posicionamento social dos agentes educativos e socializadores. E, claro está, com eles, os “principais” protagonistas da comunidade educativa, o corpo docente.
Sob esta perspectiva, importa repensar e sem eufemismos corporativistas o Estatuto da Carreira Docente, não só com base nas teorias que formatam hoje os modelos decisionais em Administração Pública, mas também ao nível das participações e do mapeamento dos parceiros sociais, das parcerias público-privadas possíveis, assim como na inter-relação daí resultante (como necessária), embora que acompanhada das típicas polémicas cimentadas pela defesa dos interesses particulares e corporativos que lhe subjazem.
Maria da Conceição Ramos Castro, cujo currículo (professora do ensino secundário, formada em filologia Germânica, Mestre em Ciências da Educação e Desenvolvimento, que também foi directora Regional da Administração Escolar dos Açores, subdirectora Geral do Ministério da Educação, directora Geral da Administração Escolar, directora do Departamento de Gestão de Recursos Educativos, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente da Comissão Negociadora do Ministério da Educação para a regulamentação do Estatuto da Carreira Docente) é um aval de conhecimento de causa – e provavelmente de efeito! –, nesta obra de formato 16,5 x 23,5 cm, impressão a quatro cores e encadernação em capa dura plasticizada, o estudo da investigação já realizada, permitindo compreender o percurso processual de renegociação, assim como os paradigmas decisionais concernentes utilizados, que facultem o estabelecimento e dobragem de patamares de consenso, assaz controverso numa matéria tão pertinaz, porquanto se encontra eivado do espírito instrumentalista do bucolismo político-partidário que vê na Educação e na Escola Pública uma óptima oportunidade para minar estrategicamente o futuro da sociedade com a sua teoria de vida, precisamente aquela que deve ser ultrapassada e subscreve os valores e interesses financeiros que lhe facultaram, no passado recente, a ascensão social e consequente arregimentação no establishment (obsoleto).
E nos acicata a levantar a tão badalada pergunta de Raymond Carver, a propósito de outros imbróglios: afinal, de que falamos quando falamos de educação? E da Estatuto da Carreira Docente? Ou de ensino público? Que "escola" é essa que vai ser aliviado do amianto por decreto, mas não das barreiras arquitectónicas na acessibilidade como internas? Será uma escola pública ou tão-só virada para um determinado tipo de público? Vai lá vai, até o PRODEP abana!

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