LIBERDADE


Liberdade, que estás no céu...
Rezava o padre nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pão nosso de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem se ouvia.

Liberdade, que estás na terra
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei outro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
LIBERDADE, QUE ESTÁS EM MIM;
SANTIFICADO SEJA O TEU NOME.


Miguel Torga

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