OPTAR VERDE É CONTRIBUIR PARA A SOLUÇÃO DA CRISE
OPTAR
VERDE É CONTRIBUIR PARA A SOLUÇÃO DA CRISE
Estima-se em mais de um milhão, o número de
postos de trabalho que poderão vir a ser criados, até 2030, pelos EUA, China e
UE, a fim de consolidar as suas estratégias de combate às alterações
climáticas, promovendo o emprego verde, quer no sector energético, como no
ligado à sustentabilidade e crescimento económico, nomeadamente no capítulo das
exportações verdes. Tratando-se de medidas que podem ser adotadas por todos os
países é, porém, a Dinamarca quem maior empenho demonstra definindo como meta
acabar definitivamente com a utilização de combustíveis fósseis no sector
energético, onde é secundada pela Alemanha que estipulou obter 80 % da sua
eletricidade recorrendo apenas a fontes renováveis, num período de tempo que
não vai além de 2050. Contudo, se estes três países/regiões (China, UE e EUA)
se propusessem produzir toda a sua energia a partir de fontes renováveis, o
número de empregos a criar ultrapassaria a ordem dos três milhões e uma
correspondente poupança anual em importações de combustíveis fósseis a rondar
pelos 519 mil milhões de euros. O que não é coisa pouca, e cairia que nem
ginjas na economia global.
Portanto, desde já se pode acabar com o argumento
de que cuidar e prevenir a sustentabilidade da ecosfera agrava a crise, porque,
pelo contrário, ela antes contribui para solucioná-la. Os países europeus mais
ricos não enriqueceram por acaso, e sim porque tomaram as decisões que mais
lhes convinha para fomentar o desenvolvimento e crescimento económico. Lá
neles, como cá, o Orçamento do Estado, o PIB, o desemprego e o défice, também
são "negócios" a ter em conta na discussão política; e se se decidiram
pela economia verde, foi porque ponderaram, calcularam e avaliaram que modelo
superiormente lhes defenderia os interesses.
Quando a Ética da Terra sugere que umas coisas
estão certas e outras erradas em função da estabilidade dos ecossistemas, não
está a abrir caminho à desconsideração do fator humano e individual, mas sim a
tentar salvar as comunidades bióticas porque isso equivale a salvar também a
humanidade que lhe é inerente. O homem e a mulher fazem parte dessa comunidade,
e a sua qualidade de vida e bem-estar dependem da qualidade dela, da qualidade
do ar que respira, dos níveis de ruído que nela se constatam, da estabilidade e
fertilidade dos seus solos, da quantidade de água potável que armazena, das
características (geológicas e edificadas) desse território, bem como das
maneiras como é gerido.
Pelo que é legítimo afirmar que o ecocentrismo
não é contra o homem e a mulher, mas antes a favor dele e dela, principalmente
quando se manifesta a favor do que é certo, ou que tende para preservar a integridade,
a estabilidade e a beleza das comunidades bióticas, manifestando-se igualmente
contra tudo o que está errado, isto é, tudo quanto destrói o equilíbrio dos
ecossistemas, destabiliza as comunidades bióticas, lhes viola e adultera a
integridade, assim como a identidade, contribui para a aridez e desertificação
dos solos, polui rios, lagos, mares e oceanos, e cultiva a fealdade nos
habitats e meio-ambiente. E uma prática e economia que muito se prestam para
isso são as que assentam na utilização de combustíveis fósseis para gerar
energia.
E este Ano Internacional da Luz devia ser o
vértice da dobragem do Cabo das Tormentas, transformando-o no Cabo da Boa
Esperança, no que aos combustíveis diz respeito, alterando a nossa perspetiva e
conduta quando a eles recorremos. A escolha é de cada homem e de cada mulher,
mas os malefícios ou benefícios serão para a humanidade inteira.
Joaquim Castanho
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