Mar Santo, de Branquinho da Fonseca
Mar Santo
Branquinho da Fonseca
160 Páginas
"Aqui, q'ando não há pêxe, há bailhe, pra enganar..."
"Vestidos com as camisas de quadrados de várias cores, ceroulas de fazenda idêntica, atadas em baixo, no tornozelo, na cabeça um barrete preto, comprido, tombado para trás, as costas contra o bojo do barco, empurravam-no para a praia. E a pesada embarcação deslizava sobre as grossas pranchas de madeira – os panais –, que lhe iam atravessando na frente. Um rapazito, "o velho da terra", corria em volta com uma bola de sebo na mão, a esfregar a quilha do batel. Soprava um vento fresco, carregado de maresia, dum cheiro de algas e de sal, que dilatava o peito."
Desta obra, ilustrada ao lado pela capa da 1ª Edição (popular) – sim, digo bem: popular, pois que dela terão havido três primeiras tiragens: uma excepcional, em papel pluma, de cinco exemplares, numerados de I a V, que ficara fora do mercado; outra de 50 exemplares, cada um deles numerados de 1 a 50; e esta, a dita cuja, para venda ao público, datada de 14 de Junho de 1952, sem referência à quantidade de tiragem, impressa na Editora Gráfica Portuguesa, em Lisboa – se disse que foi a entrada na maturidade literária do autor, não só porque ele a faz, executa, entre os seus 45 e 47 anos, mas também porque é o seu segundo romance, depois de ter experimentado as primícias da poesia, do teatro, da tradução e do conto, sob o pseudónimo de António Madeira, uso comum dos literatos da época, não por moda mas para evitar dissabores de natureza política, e principalmente porque é aquele onde melhor se nota o corte do cordão umbilical com a doutrina da Presença, revista da qual foi igualmente fundador, como José Régio, a quem o dedica, quer ao poeta, quer ao amigo. E (António) Branquinho da Fonseca (Mortágua 04.05.1905; Cascais/Malveira 16.05.1974) licenciou-se em Coimbra, na Faculdade de Direito, foi Conservador do Registo Civil de Cascais, Conservador do Museu-Biblioteca de Cascais e Director dos serviços de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, a única verdadeira escola de literatura que o povo português teve no século passado, embora não tendo a fama e notabilidade de outros intérpretes do Segundo Modernismo, como Vitorino Nemésio
(Continua)
Branquinho da Fonseca
160 Páginas
"Aqui, q'ando não há pêxe, há bailhe, pra enganar..."
"Vestidos com as camisas de quadrados de várias cores, ceroulas de fazenda idêntica, atadas em baixo, no tornozelo, na cabeça um barrete preto, comprido, tombado para trás, as costas contra o bojo do barco, empurravam-no para a praia. E a pesada embarcação deslizava sobre as grossas pranchas de madeira – os panais –, que lhe iam atravessando na frente. Um rapazito, "o velho da terra", corria em volta com uma bola de sebo na mão, a esfregar a quilha do batel. Soprava um vento fresco, carregado de maresia, dum cheiro de algas e de sal, que dilatava o peito."
Desta obra, ilustrada ao lado pela capa da 1ª Edição (popular) – sim, digo bem: popular, pois que dela terão havido três primeiras tiragens: uma excepcional, em papel pluma, de cinco exemplares, numerados de I a V, que ficara fora do mercado; outra de 50 exemplares, cada um deles numerados de 1 a 50; e esta, a dita cuja, para venda ao público, datada de 14 de Junho de 1952, sem referência à quantidade de tiragem, impressa na Editora Gráfica Portuguesa, em Lisboa – se disse que foi a entrada na maturidade literária do autor, não só porque ele a faz, executa, entre os seus 45 e 47 anos, mas também porque é o seu segundo romance, depois de ter experimentado as primícias da poesia, do teatro, da tradução e do conto, sob o pseudónimo de António Madeira, uso comum dos literatos da época, não por moda mas para evitar dissabores de natureza política, e principalmente porque é aquele onde melhor se nota o corte do cordão umbilical com a doutrina da Presença, revista da qual foi igualmente fundador, como José Régio, a quem o dedica, quer ao poeta, quer ao amigo. E (António) Branquinho da Fonseca (Mortágua 04.05.1905; Cascais/Malveira 16.05.1974) licenciou-se em Coimbra, na Faculdade de Direito, foi Conservador do Registo Civil de Cascais, Conservador do Museu-Biblioteca de Cascais e Director dos serviços de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, a única verdadeira escola de literatura que o povo português teve no século passado, embora não tendo a fama e notabilidade de outros intérpretes do Segundo Modernismo, como Vitorino Nemésio
(Continua)
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