Poibido Olhar
Algumas pessoas são contra mim. E depois, qual é a estranheza?... A maior parte delas, até contra elas próprias são!
É característico do step social no deslavado sobe-e-desce das formas, formaturas e formatações arrivistas, para que aquilo que se olhe se não veja, aquilo que se escuta se não ouça, aquilo que se fala se não diga, aquilo que se sonha se não pense e aquilo que se quer seja silenciado, que se esconda no que há de pior das nomenclaturas, sobretudo os oxímoros que encerram, as leis que ultrajam e a transparência que aniquilam, que se entendermos certos termos e denominações por aquilo que são e significam, que invariavelmente nos sentiremos o mais miserável dos desgraçados povos existentes à face da terra, principalmente se começarmos pelo sentido exacto de algumas das suas instituições fundamentais como o são, ou o é, por exemplo, o de Justiça Portuguesa, clamorosamente contraditória uma vez que de justa não tem quase nada, como o atestam os 700 (mil ou milhões, perdoe-se-me a falta de memória e imprecisão do número, já que mesmo que fossem unicamente setenta ou sete, seriam igualmente excedentários, abusivos e inegavelmente pouco éticos além de menos profissionais; e que nunca espelharão o conjunto daqueles que tendo sido condenados mas sendo pobres não puderam recorrer das sentenças, nem foram aconselhados com rigor e exactidão pelos advogados que oficiosamente lhes couberam em sorte, que nunca os representaram, e atribuíram a regalia aos piores estagiários do seu harém legislativo) e abundantes € pagos pelo Estado a particulares como indemnização por erros judiciários, e de ainda muito menos portuguesa, visto que se tutela pela jurisprudência positivista (logo, de Hume e Comte, ou tão vienense como anglo-saxónica) e direito romanos, uma vez que o direito consuetudinário tem mais expressão e força de lei, do que as leis cujo mister e consequência deviam ser o de alterar condutas interpessoais e modificar a opinião dos grupos vigentes nos vectores sociais da Igualdade e da Cidadania.
Ou seja, por exemplo, Espanha e Portugal têm as mesmas leis, aliás derivadas da aplicação/adequação/adaptação nacional de directivas comunitárias, mas o seu uso, reconhecimento e aplicação é bestialmente díspar, porquanto nos podemos aperceber em relação à violência doméstica, que nos ditam como face aos números divulgados o país dos nuestros irmanos é uma real democracia ou democracia com rei, mas o nosso pauta a sua lusitanidade por um baronato marialva e republicano, onde as leis só têm consequência se não houver um costume, uma prática ou uma convenção social que as contradiga, normalmente transmitida por via dos ditados ou dos provérbios populares, que se podem resumir num só: entre marido e mulher, ninguém mete a colher.
Senão vejamos: no último ano, em Portugal, verificaram-se 43 homicídios de mulheres, vítimas de violência doméstica, e mais de sessenta apresentaram queixa por maus tratos, mas as autoridades oficiais, desde as autarquias ao governo e demais órgãos de soberania, passando pelas religiosíssimas ONG, nada fizeram para obstruir a que estes números se repitam no ano vindouro, números que são só números nem apenas dados, mas pessoas, carne e osso, sangue do nosso sangue, e muito menos mexeram uma palha para implementar A Carta da Igualdade de Género, não obstante esta ter sido subscrita e aprovada por todas as Câmaras Municipais por influência da ANM (Associação Nacional de Municípios), chegando nós ao cúmulo de a nossa comunicação social se servir dessas mortes apenas como notícia capaz de aumentar os seus escores de audiência ou tiragem, alimentar-se monetariamente do facto sem disseminar a desumanidade que representa. Ora, aqui em Espanha, não muito longe de nós, ou na Europa aqui ao lado, tão distante ao centro como a praia, verificaram-se 52 assassínios consequência das mesmas "razões", todavia o Estado promoveu acções de formação complementar para jornalistas, com carácter vinculativo e de progressão na carreira, afim de os apetrechar e instruir no sentido de sensibilizar a opinião pública e a população, para o flagelo da violência doméstica, promover o debate, esmiuçar as causas e meios, divulgar as leis e os recursos de evitação, nomeadamente o de consciencializar os espanhóis e espanholas quanto aos efeitos do pensamento sexista.
Para um país, a Espanha, com aproximadamente 40 milhões de habitantes e uma superfície de 504 782 km2, logo quase seis vezes maior que o nosso, e com mais 30 milhões de habitantes, o facto de terem ocorrido 52 mortes, traduziu-se num escândalo nacional que originou a tomada de medidas eficazes como reforçamento negativo, no entanto cá, onde ocorreram 43 para dez milhões de habitantes, na conversa como nas tertúlias literárias, atirar o tema para o ar, é pueril e indesejável, porque não se deve falar de coisas tristes nem de moléstias que nos atacam, havendo até quem ache que elas mereciam o que lhes aconteceu, e que a nossa pátria (de justos, rectos, pedantes e imaculados) se viu assim saneada de outras tantas "pestilências" que nos envergonhavam, desde Fátima a S. Bento.
Nós os bons, os vencedores de Aljubarrota, os dignos herdeiros da gesta lusitana, os defensores dos mais altos valores que se "alevantam", pioneiros na extinção da pena de morte e fim da escravatura, consideramo-nos tão sadios e íntegros, que nem notamos quanto esse número, que é mais que um número, é grande e horrendo, ou nos desonra, mas em vez disso, damos "beijinhos" políticos uns aos outros, fazemos a política do pão com queijo nas autarquias – um emprestimosinho para acabar as obras seguido de mais umas obrinhas para acabar o empréstimo,e assim por diante, até à eternidade – , votamos ao ostracismo, pomos de quarentena cultural que fala nessas barbaridades, além do que os proibimos até de olhar, de ouvir e falar, desde que não sejam as bestialidades de sempre sobre os sempre mesmos futebóis, mesmas bandeirinhas, mesmos trapos de vestir, mesmos santos, santinhos e romarias no catecismo do boca aberta ao «que-bonito!», mesmas arruaças corporativistas, mesmas invejas pelos êxitos de alguém, sobretudo se eles estiverem ligados à cultura e à literatura, que não sejam mais uma versão camuflada de propaganda, e demais avenças à burocracia do politicamente correcto do bem-feita para não andar a piar. Porque para estas pessoas é proibido olhar e ver, pensar e dizer, ouvir e não calar, mas nunca proibido fazer mal ou seviciar os mais fracos, porque elas são fortes, e ricas, e prósperas, e afamadas, e benquistas, e diplomadas, e têm direito a fazê-lo, na razão directa das suas vantagens competitivas que, afinal, são os únicos lucros que usufruem por serem tão afortunados e sexys. E justo. (Vai lá vai, vai... Até a barraca abana!)
É característico do step social no deslavado sobe-e-desce das formas, formaturas e formatações arrivistas, para que aquilo que se olhe se não veja, aquilo que se escuta se não ouça, aquilo que se fala se não diga, aquilo que se sonha se não pense e aquilo que se quer seja silenciado, que se esconda no que há de pior das nomenclaturas, sobretudo os oxímoros que encerram, as leis que ultrajam e a transparência que aniquilam, que se entendermos certos termos e denominações por aquilo que são e significam, que invariavelmente nos sentiremos o mais miserável dos desgraçados povos existentes à face da terra, principalmente se começarmos pelo sentido exacto de algumas das suas instituições fundamentais como o são, ou o é, por exemplo, o de Justiça Portuguesa, clamorosamente contraditória uma vez que de justa não tem quase nada, como o atestam os 700 (mil ou milhões, perdoe-se-me a falta de memória e imprecisão do número, já que mesmo que fossem unicamente setenta ou sete, seriam igualmente excedentários, abusivos e inegavelmente pouco éticos além de menos profissionais; e que nunca espelharão o conjunto daqueles que tendo sido condenados mas sendo pobres não puderam recorrer das sentenças, nem foram aconselhados com rigor e exactidão pelos advogados que oficiosamente lhes couberam em sorte, que nunca os representaram, e atribuíram a regalia aos piores estagiários do seu harém legislativo) e abundantes € pagos pelo Estado a particulares como indemnização por erros judiciários, e de ainda muito menos portuguesa, visto que se tutela pela jurisprudência positivista (logo, de Hume e Comte, ou tão vienense como anglo-saxónica) e direito romanos, uma vez que o direito consuetudinário tem mais expressão e força de lei, do que as leis cujo mister e consequência deviam ser o de alterar condutas interpessoais e modificar a opinião dos grupos vigentes nos vectores sociais da Igualdade e da Cidadania.
Ou seja, por exemplo, Espanha e Portugal têm as mesmas leis, aliás derivadas da aplicação/adequação/adaptação nacional de directivas comunitárias, mas o seu uso, reconhecimento e aplicação é bestialmente díspar, porquanto nos podemos aperceber em relação à violência doméstica, que nos ditam como face aos números divulgados o país dos nuestros irmanos é uma real democracia ou democracia com rei, mas o nosso pauta a sua lusitanidade por um baronato marialva e republicano, onde as leis só têm consequência se não houver um costume, uma prática ou uma convenção social que as contradiga, normalmente transmitida por via dos ditados ou dos provérbios populares, que se podem resumir num só: entre marido e mulher, ninguém mete a colher.
Senão vejamos: no último ano, em Portugal, verificaram-se 43 homicídios de mulheres, vítimas de violência doméstica, e mais de sessenta apresentaram queixa por maus tratos, mas as autoridades oficiais, desde as autarquias ao governo e demais órgãos de soberania, passando pelas religiosíssimas ONG, nada fizeram para obstruir a que estes números se repitam no ano vindouro, números que são só números nem apenas dados, mas pessoas, carne e osso, sangue do nosso sangue, e muito menos mexeram uma palha para implementar A Carta da Igualdade de Género, não obstante esta ter sido subscrita e aprovada por todas as Câmaras Municipais por influência da ANM (Associação Nacional de Municípios), chegando nós ao cúmulo de a nossa comunicação social se servir dessas mortes apenas como notícia capaz de aumentar os seus escores de audiência ou tiragem, alimentar-se monetariamente do facto sem disseminar a desumanidade que representa. Ora, aqui em Espanha, não muito longe de nós, ou na Europa aqui ao lado, tão distante ao centro como a praia, verificaram-se 52 assassínios consequência das mesmas "razões", todavia o Estado promoveu acções de formação complementar para jornalistas, com carácter vinculativo e de progressão na carreira, afim de os apetrechar e instruir no sentido de sensibilizar a opinião pública e a população, para o flagelo da violência doméstica, promover o debate, esmiuçar as causas e meios, divulgar as leis e os recursos de evitação, nomeadamente o de consciencializar os espanhóis e espanholas quanto aos efeitos do pensamento sexista.
Para um país, a Espanha, com aproximadamente 40 milhões de habitantes e uma superfície de 504 782 km2, logo quase seis vezes maior que o nosso, e com mais 30 milhões de habitantes, o facto de terem ocorrido 52 mortes, traduziu-se num escândalo nacional que originou a tomada de medidas eficazes como reforçamento negativo, no entanto cá, onde ocorreram 43 para dez milhões de habitantes, na conversa como nas tertúlias literárias, atirar o tema para o ar, é pueril e indesejável, porque não se deve falar de coisas tristes nem de moléstias que nos atacam, havendo até quem ache que elas mereciam o que lhes aconteceu, e que a nossa pátria (de justos, rectos, pedantes e imaculados) se viu assim saneada de outras tantas "pestilências" que nos envergonhavam, desde Fátima a S. Bento.
Nós os bons, os vencedores de Aljubarrota, os dignos herdeiros da gesta lusitana, os defensores dos mais altos valores que se "alevantam", pioneiros na extinção da pena de morte e fim da escravatura, consideramo-nos tão sadios e íntegros, que nem notamos quanto esse número, que é mais que um número, é grande e horrendo, ou nos desonra, mas em vez disso, damos "beijinhos" políticos uns aos outros, fazemos a política do pão com queijo nas autarquias – um emprestimosinho para acabar as obras seguido de mais umas obrinhas para acabar o empréstimo,e assim por diante, até à eternidade – , votamos ao ostracismo, pomos de quarentena cultural que fala nessas barbaridades, além do que os proibimos até de olhar, de ouvir e falar, desde que não sejam as bestialidades de sempre sobre os sempre mesmos futebóis, mesmas bandeirinhas, mesmos trapos de vestir, mesmos santos, santinhos e romarias no catecismo do boca aberta ao «que-bonito!», mesmas arruaças corporativistas, mesmas invejas pelos êxitos de alguém, sobretudo se eles estiverem ligados à cultura e à literatura, que não sejam mais uma versão camuflada de propaganda, e demais avenças à burocracia do politicamente correcto do bem-feita para não andar a piar. Porque para estas pessoas é proibido olhar e ver, pensar e dizer, ouvir e não calar, mas nunca proibido fazer mal ou seviciar os mais fracos, porque elas são fortes, e ricas, e prósperas, e afamadas, e benquistas, e diplomadas, e têm direito a fazê-lo, na razão directa das suas vantagens competitivas que, afinal, são os únicos lucros que usufruem por serem tão afortunados e sexys. E justo. (Vai lá vai, vai... Até a barraca abana!)
(Fotos: Caminho Medieval e Pescoço Feminino, de Pedro Alcobia da Cruz)
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