Haja também um que suba, carago!


Muito sinceramente desconheço as razões que alegas
Qual o lambel que te cobre e o escabelo que almejas
Para esperar pelo futuro sabendo que ele chegou ontem,
Ainda não eram nove horas à estação das línguas cruzadas
Junto ao cais entre colunas de vapor e hodiernos cheiros
Mal o apito da asma social nas emergências se fez ouvir
E as ambulâncias azuis dos fornecedores de oxigénio a turnos
Encetaram o giro da noite, passaram revista às faltas crónicas
Leram as recomendações médicas sob o candeeiro da banca,
Se aplicaram como exactos bombeiros da modernidade que são
Incensadores de políticas oficiais, planos nacionais de leitura
Incineradores de ideias livres mas apóstolos da propaganda
Intentados atentatórios da mudança para o já falho de sentido
Tão velho mas tão velho, que até o esquecimento se esqueceu
Que o esquecera num compêndio perdido que esquecido ardeu,
Fahrenheits 451 em stress por excesso de censura e contágio,
Vulneráveis a quem o sistema imunitário os exige sistemáticos
Embora os abandone amiúde nas faldas da solidão e do remorso.
A quem a alma se partiu como um vaso estaladiço e ressequido
Caiu pela escada excessivamente abaixo da descuidada indiferença
Tropeçou das mãos da mulher-a-dias que lhe adivinhava o caso
E soubera por contagem dos glóbulos a anemia social candente
Pronta a penetrá-la por trás logo que se baixou a pousá-lo no chão
Rés ao corrimão das carreiras profissionais de promissora ascensão
De subir aos céus findos o três dias da quarentena divina profiláctica

A fim de evitar a entrada no Olimpo de novas tentações aos deuses
Que bem nos basta o que já nos fizeram e cuja exacerbada líbido
Está sempre pronta se deparam com humano corpo, ele ou ela
Nisso de se enrolarem com terrenos igual é a tesão de deuses e deusas,
Sobretudo elas que andam a deixar de fumar mas não querem engordar.
Caiu, sem dúvida, ainda desceu os primeiros degraus inteiro e sonoro
Ainda compacto a tilintar os mil e um pedaços em que havia de ser
Desfazendo-se como nevoeiro a que faltam os sebastiões sonhados
Mas anunciam as poalhas magnéticas e chuvas ácidas intensas
Ditaduras do tempo e das alterações climáticas de catastrófica lei
Punindo com furacões, terramotos e maremotos as faltas humanas
Provando que nisto do oito ou oitenta são tão democráticas como nós.
Aliás, uma me disse, pondo creme adesivo para lhe não saltar
A verdade dos dentes aperrados na luta, que as dentaduras territoriais
Propícias ao marketing global darão excelentes destinos turísticos
Se anunciados como imunes aos efeitos de estufa e sem alterações
Climáticas, políticas, urbanísticas e naturais desde o primeiro PDM
Aquele que definiu o perímetro de uso aos pomares do Paraíso
Definiu a macieira como espécie protegida da área dos infernos
Cujo fruto se podia trincar livremente em todo o lado excepto ali
Pois era de sabor proibido embora mais suculento, doce e nutritivo
Que em quaisquer outros vergéis registados nas tábuas do suserano,
Onde o mundo era plano porque Deus escreve direito sobre curvas
Linhas tortas dizem mas desconfio que há muito estigmatismo nisso
Que estrábicas nos põe as visões daquilo que é e daquilo que não é.
Ou serão apenas cataratas, curáveis numa simples operação em Cuba
Dessas que se fazem ainda com o niágara vivo e prestes a despencar
Pela cachoeira da sorte e melhor ver quanto lhe falta em rendimento
Em eficácia governativa nas questões da saúde e segurança social.
Haverá por acaso aí algum oftalmologista cubano que queira ir ao céu

Operar os olhos do Senhor a ver se avista bem as lagartas das maçãs
Que já lá estavam dentro, há muito tempo, antes de proibir mordê-las
E por isso nem era preciso proibir que não somos parvos nenhuns
De andar por aí a trincar em qualquer porcaria só por que reluzente
Bonita, roliça e dengosa que nos aparece do hiper dependurada
Ou de galho em galho florida a desinquietar-nos prà brincadeira.
Vá lá, Fidel, porra: a malta agradece-te, quando te voltar a ver!

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