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Ele é um pombo correio e de papo brilhante – pois claro!
Ela uma vulgar pomba branca, de olhos inquietos e periclitantes – isso mesmo...
E um dia – como não podia deixar de ser! – encontraram-se nos desaustinados voos de "por uma vida melhor", e ficaram sem saber que pensar – ????
Mas partiram em sentidos diferentes – quem diria!...
Quando se supuseram sozinhos, deram por si a cogitar no acontecido e sentiram um "não sei quê" que os desesperou – coitadinhos!
Fizeram mil e um malabarismos com a lógica, torceram e distorceram o raciocínio – que despeito! –, procuram razão onde não a havia, enveredaram pela múltipla insensatez de encontrar uma solução viável e plausível para os seus casos – até no amor há política...
Todavia, sem o mínimo sucesso. Exactamente inútil. Se, por um lado, verificaram o desejo de voltar atrás e tentar compreender o que lhe sucedera, pelo outro – Oh!... –, acharam que isso não teria qualquer importância, farejando em si mesmos uma tão parca confiança, quão ingénuos eram os seus intentos, que a incerteza na realização, os bloqueou para retroceder.
Estáticos e inamovíveis no seu mundo, onde o tempo a seu tempo tudo resolve com a ajuda de Deus, e perante a situação, incapacitados de agir, deixaram-se a planar no céu virulento, de negrumes nublado sobre a cidade, onde se tecia e gerava o insight, anunciando forte tempestade – alterações climáticas, é o que é! –, embriagados pela alta confusão existente em seus inocentes radares – figas!!! –, até que o rodar dos ventos, os elevou para atmosféricas vias ainda não conhecidas – mais altos valores se alevantaram...
Então, sucedeu a catástrofe temida – ai, meu Deus! Cruzes-canhoto! – para satisfação da intempérie crueldade, sob uma enorme nuvem negra – sarranico, sarranico – que lhes ofuscava a visão, chocaram um com outro.
Entreolharam-se. Apalparam-se para vistoriar os estragos. Apelaram para a perícia do seguro, que lhes não pode valer por que fora de rede – publicidade, publicidade, mas quando precisamos deles, nunca estão no ar! – e sujeitaram-se ao tem-que-ser que já foi – truz, truz.
Ele de olhos brilhantes – gosto de ti! –, ela com sorriso tímido, de pestanas a arfar – eu também... –, enchendo um balão multicolorido no grei do céu.
Maravilhado ele, quer ter a certeza do que ouve, reiterando "gostas?" –de quê ou de quem? – e ela que "sim", que igualmente gosta de si – hãn?!?
Ele levanta as asinhas, num tudo isto te darei se me adorares e obedeceres, ela debica nas peninhas interiores incitando-o a prosseguir – pois.
E, não fosse um caçador grego, que nada tinha a ver com a história, passar por ali, sob ela e ele, por acaso – PUM!!!!... –, fazendo um doble daqueles que são dignos de contar em qualquer taberna, hoje, a nave celeste da igreja em ruínas da cidade, estaria nimbada de lindos pombinhos "rafeiros" e o seu chão pejado de cascas de ovo e laradas de borracho.
Mas – que o os raios nos ajudem – confessem lá, para moral da prédica: se vos fosse dada a escolha de ser qualquer personagem desta História, a qual preferiam?
Passar de fora e colher os frutos, é sempre o melhor resultado, sobretudo, para quem muito gosta de canja e pombo assado...

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