Sono de Homem
Quando "isso" – um homem quer lutar, pode lutar sem tréguas
Dias e dias, léguas após léguas,
O corpo a apodrecer, mas a alma no olhar.
Mais pode resistir que a máquina mais firme
Do desgaste, até ao último limite
Quem ele tem em si qualquer coisa, em verdade,
Que o ilumina
Porque ele – o homem, floresce em claridade.
Um homem, se amargurado
E sem remédio destroçado
Fica em suor, arquejante, imundo
E não se sabe o que resta no fundo
Dele; talvez, a aurora, a tremer, da besta, o essencial...
Seu olhar abandona as fontes de altos fundos
Para contemplar, dias a fio, sua mão que julgara imortal.
Quando vencido e a dormir, um homem verdadeiro
Dorme com a boca em terra
Na primitiva argila e nu, sobre o mato rasteiro
Braços em cruz contendo seus desertos.
Tão frágil é, sepultado no sono
Como no mar profundo
Que a respirar não faz tremer vermelhas sombras
E somente seus dedos, cheios de relva, se colam sempre ao mundo.
Mas às vezes o vencido que dorme solta um grito
Profundo de tormento,
Que faz temor imenso
No silêncio azulado da campina.
Agita-se, qual menino medroso
Dum sonho que não sabe destruir
E súbito, como que ansioso
De qualquer coisa que o possa recobrir
Volta a cara para o ar
Ventre para as estrelas, lábios para o orvalho penetrante...
E é só unicamente nesse instante
Que sabemos que a luz treme ainda em seu olhar!
Yves Brainville
Dias e dias, léguas após léguas,
O corpo a apodrecer, mas a alma no olhar.
Mais pode resistir que a máquina mais firme
Do desgaste, até ao último limite
Quem ele tem em si qualquer coisa, em verdade,
Que o ilumina
Porque ele – o homem, floresce em claridade.
Um homem, se amargurado
E sem remédio destroçado
Fica em suor, arquejante, imundo
E não se sabe o que resta no fundo
Dele; talvez, a aurora, a tremer, da besta, o essencial...
Seu olhar abandona as fontes de altos fundos
Para contemplar, dias a fio, sua mão que julgara imortal.
Quando vencido e a dormir, um homem verdadeiro
Dorme com a boca em terra
Na primitiva argila e nu, sobre o mato rasteiro
Braços em cruz contendo seus desertos.
Tão frágil é, sepultado no sono
Como no mar profundo
Que a respirar não faz tremer vermelhas sombras
E somente seus dedos, cheios de relva, se colam sempre ao mundo.
Mas às vezes o vencido que dorme solta um grito
Profundo de tormento,
Que faz temor imenso
No silêncio azulado da campina.
Agita-se, qual menino medroso
Dum sonho que não sabe destruir
E súbito, como que ansioso
De qualquer coisa que o possa recobrir
Volta a cara para o ar
Ventre para as estrelas, lábios para o orvalho penetrante...
E é só unicamente nesse instante
Que sabemos que a luz treme ainda em seu olhar!
Yves Brainville
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